quarta-feira, 4 de maio de 2016

Continuação de Universo em desequilíbrio


Pois é, gente, lembram que eu queria fazer a continuação da fanfic universo em desequilíbrio? Pois é, finalmente as idéias estão fluindo e já tenho alguns capítulos. Não vou falar muito porque seria spoiler, mas digamos que essa fanfic vai ser um pouco diferente das outras. Vai ser bastante tensa, podem esperar.

Para dar um gostinho, e para saber o que vocês pensam, vou publicar o prólogo da fanfic, tipo onde tudo começa. Não esclarece muita coisa e levanta várias questões, mas quero saber a opinião de vocês. Não deixem de comentar!


Prólogo

Universo alternativo

Em um futuro relativamente próximo

Cebola sentou-se na escadaria e ficou ali por um tempo remoendo a insatisfação por ter sido rejeitado pela quinta vez. Ou seria a sexta? Talvez a sétima? Ele tinha perdido a conta e já não se importava mais.

“Droga, eu não sei mais o que fazer!” No colo estava uma pasta com o seu projeto incluindo algumas amostras. Era preciso melhorar mais e sanar alguns defeitos. Como fazer isso com tão pouco dinheiro? Só se arrumasse outro emprego e ainda assim havia o risco de aquela sua tia avarenta querer roubar mais esse salário também. Sua vida, definitivamente, era uma droga. Uma completa droga. 

Após um breve período de sucesso derrotando a gangue da Magali e acabando com seu reinado de terror, sua vida começou a declinar novamente. Primeiro, a morte do Titi, depois a garota que ele amava foi embora deixando em seu lugar uma cópia sem personalidade. O fato de ter derrotado Magali não fez com que suas amizades no colégio melhorassem. Os outros alunos só pararam as piadinhas, mas ele continuou isolado como sempre. Por fim, houve a morte da sua mãe que ainda doía seu coração mesmo tendo passado quase um ano. 

E para coroar sua maré de má sorte, Cebola foi obrigado a receber em sua casa dois parentes folgados, abusados e irritantes porque na época ele era menor de idade e seus familiares não permitiram que ele morasse sozinho sem um tutor legal. Assim sua tia e seu primo foram morar com ele, tornando sua vida um inferno tão grande que várias vezes ele sentiu falta da Magali e do bando dela.

Não adiantava nada falar com sua família. A resposta era sempre a mesma: quando completasse dezoito anos, poderia viver sozinho. Mas quando esse dia finalmente chegou, sua tia fez um drama dos diabos falando que não tinha para onde ir e que ele era um ingrato por expulsar de casa uma pobre viúva que tinha feito tanto por ele. O resto da família engoliu aquela mentira e ele não pode fazer nada.

E como ela não saiu, seu primo não saiu também e ele era obrigado a agüentar aqueles dois por tempo indeterminado porque não queria colocá-los para fora à força e ficar contra o resto da família. E agora essa rejeição em série de todas as empresas da cidade.

“Eu devia ter esperado mais um tempo, estudado mais, não sei... acho que ainda é muito cedo para tentar vender isso, mas eu preciso fazer alguma coisa!” ele pensou desesperado ainda sentado na escadaria da grande empresa apesar da cara feia do segurança. Aquele projeto era a única forma que ele via de sair daquela vida horrível.

Ainda lhe faltava conhecimento, ele precisava de mais tempo para desenvolver seu projeto e se pudesse entrar na faculdade, poderia conseguir patrocínio. Mas como entrar na faculdade se não podia pagar mensalidade e a faculdade pública ficava longe demais da sua casa? Ele não se importaria em ficar num alojamento ou república, mas não queria deixar SUA casa para aqueles dois malandros. Era muito desaforo.

Ele estava tão imerso em seus pensamentos que não percebeu uma limusine estacionando em frente à empresa e só se deu conta quando o chofer impecavelmente vestido parou na sua frente, lhe dando um pequeno susto.

- Meu patrão deseja falar com o senhor. – o homem disse polidamente.
- Seu patrão? Onde?

O chofer apontou para o carro e Cebola ficou boquiaberto por ver algo assim naquela cidade. Ele ficou desconfiado.

- O que seu patrão tá querendo comigo?
- É um assunto que somente ele poderá esclarecer. Queira ter a bondade de me acompanhar, senhor.

Mesmo desconfiado, ele seguiu o chofer que abriu a porta e fez um gesto para que ele entrasse. Cebola inclinou-se e viu, sentado no banco luxuoso, um senhor que parecia ter pelo menos noventa anos de idade. Sua pele era bem enrugada, seus cabelos totalmente brancos e seu corpo estava encurvado, sendo apoiado em uma bengala que ele segurava em suas mãos mesmo estando sentado. Ainda assim seus olhos eram muito vivos e perspicazes.

- Entre, meu jovem. Não vou lhe morder. – falou uma voz rouca.

Aquele velhinho parecia não oferecer nenhum perigo e Cebola acabou obedecendo. E foi assim que sua vida mudou para sempre.

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Dezessete anos depois...

Era uma cidade impecavelmente limpa e organizada, com prédios novos e de aparência moderna. As ruas eram bem distribuídas, largas e havia muitas áreas verdes espalhadas pela cidade em forma de praças e parques.

Nas calçadas havia lixeiras dispostas em distâncias regulares, sem um único centímetro de diferença entre uma e outra. As árvores também pareciam todas iguais, até a disposição dos galhos. As pessoas caminhavam apenas nos locais determinados, cada um para uma direção específica. Ninguém se acotovelava ou esbarrava. O vestuário também era uniforme com poucos sinais de individualidade. Até os cortes de cabelo eram semelhantes, sendo divididos apenas pelo gênero.

Olhando melhor, também dava para ver que as pessoas andavam da mesma forma como se estivessem num passo sincronizado.

Era a mais perfeita ordem e estava se espalhado pelo globo, sendo aquela cidade a capital de todo o governo. As fronteiras políticas e culturais estavam sendo dissolvidas gradualmente e a Terra estava caminhando para se tornar uma única nação com apenas um idioma, uma única lei e um único governo.

No centro da cidade havia um grande e luxuoso prédio, que se destacava não só pela altura como pelo design arredondado e orgânico. Grandes vidros espelhados adornavam o prédio refletindo o azul do céu, o verde das árvores e as cores dos prédios ao redor, tornando-o um belo mosaico de cores e reflexos.

Ele contemplava a paisagem urbana pela grande janela da sala. Finalmente seu plano tinha dado certo e ele era o governador mundial. E pensar que tudo tinha sido conseguido tão facilmente! Quase não houve resistência. Quando as pessoas se deram conta, seus nanitas já tinham tomado o controle de tudo. Os nanitas controlavam as pessoas e ele os controlava de acordo com sua vontade.

As pessoas tinham saúde e longevidade. Ninguém mais ficava doente e os hospitais serviam apenas para os casos de emergência ou maternidade. As crianças recebiam os nano implantes com poucas semanas de idade e tinham saúde garantida pelo resto da vida.

Foi por isso que ele não encontrou nenhum tipo de resistência ao seu plano de dominação mundial. Primeiro, ele lançou seu produto milagroso no mercado. Apesar do ceticismo inicial, todos foram cedendo quando ele mostrou pessoas recuperando a visão, andando após anos nas cadeiras de rodas ou se recuperando de doenças incuráveis. Com isso, não foi difícil convencer as pessoas de que tratava de algo milagroso que ia acabar com o sofrimento da humanidade. 

Para garantir que todos recebessem os nanitas, ele até lançou projetos filantrópicos para pessoas de baixa renda. Tudo começou no Brasil e aos poucos foi espalhando pelo resto do mundo.

Claro que muitos perceberam que havia algo de errado, mas já era tarde. A maioria já estava implantada e gradualmente o movimento de resistência foi sendo derrotado. Agora ninguém mais ousava levantar a voz para ele.

- Eis o mundo perfeito! – ele falou orgulhoso de si mesmo. Todos os seus sonhos tinham sido realizados.

Cebola ainda se lembrava do dia em que foi descoberto pelo seu benfeitor. Sua vida era miserável, ele estava sozinho no mundo, com muitos problemas e quase desistindo de tudo. Somente ele foi capaz de ver potencial dos seus nanitas e financiar seu projeto. Como não tinha herdeiros, seu benfeitor o adotou, tornando-o único herdeiro de toda sua fortuna.

Aquilo era bom demais para ser verdade e Cebola recebeu todo o apoio que precisava para crescer, desenvolver seu projeto e com o tempo dominar o mundo. E ele só precisou fazer uma única promessa que agora cumpria com todo prazer: manter a ordem. Sempre. A todo custo.

Sim, ele tinha tudo. Ou quase tudo. Bem... algumas coisas tiveram que ser remediadas com o tempo e embora não fossem exatamente como ele queria, pelo menos lhe dava a sensação de ter todos os sonhos realizados. Mas ainda assim lhe restava um vazio... algo que não podia ser preenchido por nada...

Seu moderníssimo smartphone apitou, trazendo-o de volta a realidade.

- Está quase na hora. Espero que ela já esteja pronta, detesto esperar.

Uma grande pintura pendurada na parede atraiu seu olhar. Era algo simples, de uma garota com belos olhos castanhos e dentes protuberantes. Um suspiro triste e cansado saiu do seu peito antes de ele deixar a sala.

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Após dar a última pincelada de maquiagem no rosto, Mônica afastou-se um pouco do espelho para contemplar o resultado. Ela usava um longo vestido vermelho tomara-que-caia, com colares e brincos de pérola combinando. Eram as jóias mais lindas e caras que uma mulher poderia querer. Mas ainda assim o resultado não a agradava.

Para começar, aquele corte de cabelo era muito infantil para uma mulher da sua idade. Por que Cebola insistia em lhe pedir que mantivesse aquele corte? Aquela franja era tão anos oitenta! E ela sequer gostava de vermelho, mas vestia só para agradá-lo.

Tudo bem... ser a esposa do líder mundial tinha seu preço. Depois de muita espera, ele finalmente resolveu começar um namoro e dali para o noivado e casamento foi automático.

- Senhora, ele acabou de chegar. Depressa ou ele pode se aborrecer! – A criada falou tentando apressá-la.
- Já vou, obrigada.

Quando Cebola entrou na grande e luxuosa sala de sua mansão, Mônica já o esperava arrumada e pronta. Ele contemplou o resultado e por mais que se esforçasse, via somente uma vaga imitação. Não era ela. Nunca seria.

- Está pronta? – Ele falou simplesmente.
- Sim, querido. Podemos ir. – a mulher respondeu desapontada por não ter ouvido um único elogio sequer. Bem... ela devia estar acostumada.

Os dois foram até a limusine onde o chofer os esperava e rumaram para o grande salão de festa, onde haveria um jantar com seus aliados mais importantes para celebrar a anexação da Austrália e Bangladesh aos seus domínios. Alguns poucos países ainda resistiam, como EUA, China e Rússia, mas era só questão de tempo até todos curvarem ao seu poder. 

Apesar do seu porte altivo e orgulhoso, das roupas impecáveis e de todo o luxo que ostentava, dava para ver tristeza nos olhos daquele homem. Paradoxo obervava tudo com grande pesar.

Cebola era bajulado, ria e conversava com os aliados tendo Mônica ao seu lado. Embora sorrisse e procurasse ser agradável, ela também não parecia feliz.

Ele adiantou seu relógio não em minutos ou horas, mas em algumas décadas e deparou-se com aquele cenário triste e desolado que lutava tanto para evitar, sem sucesso. Aquela cidade que antes era tida como modelo de perfeição agora estava caindo aos pedaços sob um céu cinzento com nuvens avermelhadas. Não havia mais vegetação, o ar era quente e difícil de respirar. Somente poucas pessoas andavam de um lado para outro mendigando qualquer naco de comida.

Mas aquelas pessoas nem pareciam humanas. Era uma mistura de tecnologia com vida orgânica. Após alguns anos, os nanitas sofreram mutações e passaram a se integrar no DNA das pessoas, tornando-as parte máquinas e os efeitos foram desastrosos. Uma parte dos nanitas foi destinada, a principio, a fazer com que as pessoas obedecessem o grande líder mundial Cebola. Mas com o tempo essa parte trouxe demência a grande maioria da população e loucura para alguns.

A raça humana passou a ser composta por pessoas praticamente inválidas, doentes, com problemas mentais que só conseguiam perambular de um lado para outro procurando comida em um planeta que já estava morto.

A vida animal estava sofrendo com grande extinção em massa, assim como a vida vegetal. O aquecimento polar causou o derretimento dos pólos e o campo magnético da Terra quase não existia mais, deixando todo o planeta exposto aos raios ultravioleta.

Paradoxo balançou a cabeça negativamente ao ver que, mais uma vez, falhou em evitar aquele futuro tenebroso. Era como se todos os caminhos levassem a somente um único final. Claro que toda aquela degradação no planeta não era culpa do Cebola, nem de longe, mas foram seus nanitas que causaram aquela tragédia nos seres humanos deixando as pessoas incapacitadas para fazerem qualquer coisa.

Não havia mais salvação para a Terra e os sobreviventes restantes não iam durar nem um ano inteiro. Dentro de dois ou três anos, a Terra ia se tornar um planeta morto.

- Eu não posso deixar isso acontecer, mas estou ficando sem idéias! – ele falou consigo mesmo. Depois de tentar tantas coisas diferentes, suas idéias estavam começando a esgotar.

Sua mente voltou a trabalhar freneticamente, voltando ao dia em que Cebola encontrou com seu benfeitor. Tudo o que ele precisava fazer era evitar aquele encontro. Céus, deveria ser tão difícil assim? Mas era. Por mais que fizesse, aqueles dois acabavam se encontrando mais cedo ou mais tarde. Aquilo tinha que ser evitado de qualquer jeito.

- Hum... como fazer com que esse rapaz não tome essa decisão errada? – ele coçou o queixo por um tempo enquanto pensava em algumas possibilidades. E se ele o tirasse da Terra por um tempo? Isso poderia ajudar, mas por outro lado traria problemas porque a presença daquele rapaz era importante e se saísse daquele universo alternativo, poderia causar um desequilíbrio. Seu lugar não podia ficar vazio.

Aos poucos uma idéia louca foi surgindo na sua cabeça e seus olhos brilharam.

Podia ser a solução para vários problemas.
 

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