sábado, 16 de abril de 2016

TMJ#92 - A Torre Inversa, parte 3: Críticas



Quando terminei de ler a ed. 92, fiquei tipo... meldels, e agora? Como é que vou conseguir fazer a crítica? Sim, porque uma história como essa, com tantos detalhes, voltas e reviravoltas precisaria de pelo menos dois posts para cobrir cada coisa que aconteceu. E vocês sabem que eu falo bastante!

Gostaria de falar primeiro de uma coisa que eu realmente gostei na história: a forma como as perguntas foram sendo respondidas. Às vezes vejo uma história que é assim: o autor levanta um mistério, faz aquele suspense e no final dá uma solução tipo “vou acabar com essa porcaria de qualquer jeito”. Felizmente não foi esse o caso da saga.

Ficou muito bom o início de todos aflitos com a Magali descontrolada e como Penha resolveu tudo com um tratamento de choque do seu olhar do desprezo. Eu não sabia que podia haver um lado bom para esse poder que pode ser destrutivo. E isso mostra também que a Magali é mais forte do que a gente pensa, caso contrário ela não teria conseguido superar. 

Agora, parece que tem um errinho de seqüência nas imagens, embora seja algo sem importância. Quando Magali diz ao Cascão que está bem, seus cabelos estão soltos. Mas quando ela agradece a Penha, os cabelos estão presos num rabo de cavalo. Depois, na na pag. 17, seus cabelos estão soltos novamente e só no primeiro quadrinho da pag. 18 ela os prende com um elástico. Pode ter sido algum erro do desenhista.

Para mim foi um tanto assustador ver essa nova Magali forte, poderosa e que tinha eliminado tudo o de frágil e delicado de sua personalidade. Mas cá entre nós, achei fofo ver o Cascão babando por ela (Cascuda que se cuide!).

Outro momento de grande tensão foi quando a tal da Venerusa apareceu (o visual dela por si só já nos deixa sem palavras. Simples e assustador ao mesmo tempo). o Dr. Stavros ainda insiste em manter seu ceticismo cego, mas parece que aos poucos essa barreira vai caindo a medida que ele é confrontado com os fatos. E o primeiro deles é a confissão forçada de que ele sabia o tempo inteiro qual era a verdadeira identidade do seu Samir.

Só não gostei muito da Magali ter acordado antes que o Cascão pudesse lhe fazer um boca-a-boca. Que maldade, gente!

E como as revelações bombásticas não param de aparecer, também descobrimos do que se trata a torre inversa, segredos ocultos do hospital e também os planos daquela turma do seu Malacai. Curioso essa organização se chamar Casa de Asclépio, um deus que leva um bastão onde tem uma serpente enrolada. Vocês devem ter visto a estátua dele na ed. 91, pagina 105.

Interessante também foi falarem em Casa de Alclépio e Casa de Hécate, que era uma deusa associada à lua. O poder da Magali vir da casa de Hécate faz sentido, mas fico pensando por que a turma dos reaças liderada pelo Malacai tinha adotado o nome do deus da medicina. Será que eles acreditavam que podiam “curar” o mundo e por isso adotaram esse nome? Ou será que não teria por aí alguma bruxa ou bruxo da casa de Aclépio? Será que existem outras casas também?

Falando em consertar o mundo, vemos aí um ponto em comum entre os objetivos do Feio e da turma dos reaças: acabar com o caos no mundo e instaurar a ordem.

E só eu senti um cheirinho de facismo quando Magali falou que o objetivo verdadeiro do orfanato era doutrinar as crianças para a nova ordem mundial?

E onde o Malacai arrumou o mini-quadrivium? Andou fazendo algum pacto com a serpente ou tirou de outro lugar? E onde eu arranjo um desses? Tem umas pessoas que eu gostaria de sumir com elas.

A explicação da Magali sobre a torre inversa e cada um dos seus círculos também foi muito legal e reveladora. Relembrem uma das falas da Magali:

“Sim! Cada círculo afeta a mente das pessoas de uma maneira única. É como uma doença infectando nossas almas... trazendo à tona as nossas maiores falhas como seres humanos!”

Logo depois ela fala sobre o primeiro círculo, onde era o limbo e talvez isso explique a aparição da Melissa. Na divina comédia o inferno é descrito como tendo nove círculos e o primeiro deles é o limbo, para onde vão as crianças e as pessoas boas e que não foram batizadas e não seguiam o cristianismo. Nesse círculo elas vivem na escuridão (isso porque foram boazinhas, né?). 

Depois fala do círculo da paixão e aqui já temos uma dica de que o romance da Denise com o Cebola não tem futuro. E a fala dela, de que esse círculo cria amores absurdos já diz tudo: o sentimento deles não era real. Tudo aconteceu por influencia do tal circulo da paixão. Vocês notaram que mesmo sob a influência desse círculo, o Cebola ainda se preocupava com a Mônica? Pois é!

Boa explicação, né? Assim tudo pode terminar sem grandes traumas ou brigas e os cebônicos podem dormir em paz sabendo que nunca houve sentimento verdadeiro entre eles. Sem falar que fazendo assim não vai atrapalhar as histórias dos outros roteiristas. Eu falei que no final o Emerson ia resolver tudo.

E também ficamos sabendo o que eram os tais nove desafios do Cascão. Caramba, todo mundo errou feio, hein? Sim, porque pensávamos que esses desafios já tinham começado na ed. passada e que eram coisas simbólicas que só iam fazer sentidos no fim da saga. Eu não imaginava que era algo literal, que eles iam percorrer a torre inversa nível a nível e em cada um teriam os nove desafios.

Surpresa mesmo foi quando eles entraram de novo nas lembranças do Feio e finalmente é confirmado que a menina perversa se chama Agnes. Nessa parte ficamos sabendo como os pais dela morreram e de onde veio seu medo de doenças. Ainda assim fica o mistério: se naquela época ela tinha a mesma idade do Feio, por que nos gibis, onde ele aparece como adulto, ela ainda era adolescente?

Outra pergunta: por que só ela estava no túmulo dos pais? Cadê o Boris? Pelo que sabemos, ele não morreu. Caso contrário ela teria falado dele também. Será que foi levado pela Viviane? Fugiu para outro lugar? Foi adotado por alguém enquanto Agnes ficou para trás? Acho que isso ainda vai render bastante em histórias futuras.


Como sabemos que o próximo cavalo é o da fome, a história onde ele aparece vai ser protagonizada pela Magali e é certo que a Agnes vai aparecer. Aliás, eu não duvido nada que ela seja o cavalo da fome. Por quê? Primeiro, vocês repararam a marca de Ior no livro que ela estava segurando? Pois é. De alguma forma, pode ser essa a razão de ela não ter envelhecido no mesmo ritmo que Bóris e o Feio.

Segundo: lembram da história sombrinhas do passado? No fim da história, Agnes aparece com aquele fantasma assustador atrás dela prometendo acabar com a felicidade de todos. Pode ser esse o próximo cavalo: alguém que vai sugar toda a felicidade, “devorar” a luz e sugar a alegria das pessoas até deixar somente escuridão. Só um palpite, claro, mas acho que faz mais sentido ela ser o cavalo do que a Viviane. Sem falar que nessa historinha do gibi ela também leva um livro de capa preta igual ao que segurava quando chorava pelos pais no cemitério. Só não deu para ver a marca de Ior porque os braços dela cobrem.

Voltando a história, eu já imaginava que o Feio tinha sido adotado pelos avós do Cascão, logo não foi assim uma surpresa. Foi bem dramático o garotinho tentando se desculpar com Agnes, sem sucesso. Muito difícil alguém perder ambos os pais e ficar sozinha no mundo.

Outro mistério que ficou no ar: onde Penha viu as cruzes que pareciam a marca de Ior? Isso não foi esclarecido, embora eu tenha um palpite de que ela tenha visto isso no livro que Agnes sempre carregava.

Ainda nas lembranças do Feio, vocês repararam que a letra “P” da camisa do garoto ficou meio apagada de forma a parecer um “F”?

Uma coisa que eu realmente gosto nas histórias do Emerson é que ele alterna momentos engraçados com terror e suspense. Então claro que ele não podia deixar de fazer piada com a imortalidade do Cebola. E parece que ele gostou mesmo de morrer, viu? Sei lá, deve ser muito agradável (SQN).

Também não posso deixar de mencionar a conversa deles naquela caverna onde cada um enumera sua bizarrice particular, deixando o doutor espantado com a facilidade com que eles lidam com aquela situação maluca. Detalhe para Penha mencionando Agnes como sua melhor amiga. Pobre Sofia... se bem que para mim foi surpresa Penha ser capaz de ver alguém como amiga.

Mas infelizmente o momento de tranqüilidade e descontração deles não durou muito porque Melissa aparece de novo para confundir a cabeça do Dr. Stravos. Caramba, eu fiquei com uma pena danada dele, coitado. Quer dizer, ele viu na sua frente a irmã que morreu tempos atrás e deve ter sido difícil aceitar que ela podia não ser de verdade. Tanto que no fim ele acabou aceitando o sobrenatural como uma forma de esperança, querendo acreditar que era possível que aquela garotinha fosse mesmo Melissa e não somente uma ilusão.

Curioso é que essa parte não chegou a ser esclarecida porque a menina sumiu e não sabemos o que aconteceu quando o doutor foi atrás dela porque eles foram transportados para a última parte esclarecedora das memórias do Feio. E aí chegamos naquela parte que aparece nos gibis onde ele ganha seus poderes de sujeira. No gibi, falam que ele ficou assim porque aspirou poeira das revistas velhas, mas agora, na versão adolescente, nós temos meio que a história completa, o que aconteceu de verdade e não podia ser falado numa história para crianças.

Eu gostei muito porque intercalou o passado com o presente, explicando mais detalhadamente a origem do Capitão Feio. Deu até uma dorzinha no coração ver uma pessoa tão boa se transformando num vilão sujo no sentido figurado e literal. Ainda mais porque ele sempre foi muito próximo do Cascão. Se bem que nos gibis, de vez em quando, o Feio mostra alguma afeição por ele e até quis adotá-lo algumas vezes.

Mas vamos parar de enrolar e ir direto a batalha final, que foi de arrepiar os cabelos. Primeiro a gente leva um susto achando que Penha traiu todo mundo, depois vem a reviravolta e descobrimos que tudo era só um plano. Genial, não? E surpreendente também, porque mostra que ela é capaz de ser leal quando quer. Eu realmente gostei da atuação dela nessa história, muito diferente da chata mimada e antipática da ed. 90. Parece que ela evoluiu um pouco também e o fato de ter ido embora sem querer prejudicar a Mônica para mim foi um milagre.

Só fiquei curiosa em saber de que forma ela ia ajudar o Feio a restaurar a ordem no mundo. Se bem que o conceito dele de ordem é bem estranho para mim. Quer dizer, desde quando emporcalhar o planeta inteiro e encher de insetos é deixá-lo em ordem? Eu heim! Prefiro o caos limpinho.

E foi interessante também saber de onde veio o termo “cavalo vermelho da guerra”, coisa que eu estranhei um bocado ao ver a Penha falando isso na ed. 52. O chato é que não tem histórias nos gibis mostrando esse lado da Penha que causa confusão com as outras crianças.

A parte final, onde Cascão absorve os poderes do Feio foi excelente por causa de tantas reviravoltas. Penha traidora, Penha na verdade ajudando a todos, Cascão caindo na armadilha dos insetos e ficando perverso, as falas da Creuzodete finalmente fazendo sentido...

Rapaz, foi bem assustador ver aquele Cascão malvadão querendo tocar o terror em todo mundo. Principalmente porque ele sempre foi muito gente boa e isso mostra como as sombras podem corromper a alma de uma pessoa a ponto de ela perder toda bondade dentro de si.

Também descobrimos quem é o inimigo que acabou se transformando em grande aliado. Então de certa forma acertei quando antes que o Cúmulus poderia acabar ajudando de algum jeito. Só achei uma pena o confronto entre eles ter durado tão pouco porque o maluco logo absorveu a sombra líquida, endoidou o cabeção, tomou sol e queimou todo. Será que ele morreu de vez ou só evaporou? Se a sombra líquida queimou o corpo dele, então a parte feita de água pode ter transformado em vapor e fugido. De qualquer forma, ele foi uma ótima solução, talvez um deus ex-machina que no final resolveu tudo.

E assim tudo se resolve. Os poderes da Magali são trancados novamente, embora eu tenha ficado triste pensando se isso foi para sempre já que o Cascão destruiu as células que davam acesso a esse poder. Tomara que haja algum jeito de reativá-los novamente, seria um desperdício muito grande a Magali perder esses poderes para sempre, ainda mais agora que ela conseguiu ter controle sobre eles. Sem falar que a atuação dela e a forma como usou seus poderes ficou na medida certa. Nem de mais, o que a tornaria uma apelona, nem de menos, o que ficaria sem graça.  

Ah, eu também notei uma coisa: por que o Cascão só se preocupou em neutralizar seus poderes ao invés de tentar matá-la? Teria sido muito fácil romper algum vaso dentro do cérebro dela lhe matado na mesma hora. Sem falar que quando ela desmaiou, ele apenas a deixou em paz e foi atrás dos outros. Será que não havia algum restinho de sentimento dentro dele que o impediu de fazer algum dano maior?

Também fiquei aliviada porque os agentes da DI.NA.MI.CA. não desintegraram todo mundo, só tirou as pessoas dali. Isso quer dizer que se tivessem alcançado Denise, Cebola, Sofia e Penha, eles teriam sido tirados do hospital sem maiores dramas. Se bem que foi melhor eles terem ficado, né? Ainda assim ficou o mistério do tal octaedro das sombras e sua finalidade.

Agora tem uma coisa... o Cascão disse que os agentes derrotaram a Minie Ranheta que tinha virado verme gigante, prenderam o Necrotauro... mas cadê a Venerusa? Ela não foi mencionada e nem apareceu sendo presa pelosa agentes. E sei lá, achei bem triste eles não terem voltado ao normal. Tipo, vão ficar como monstros para sempre? E o que aconteceu com o zelador? Foi morto? Raptado? Mandado para o povo das sombras? Ou ele vai render mais alguma coisa no futuro, ou então o Emerson quis deixar essa parte para a nossa imaginação mesmo.

Pelo menos o romance da Denise e do Cebola acabou de forma tranqüila. Foi algo para apimentar mesmo, dar emoção e trolar com um bocado de gente. Eu gostei, achei bem legal e por mim eles até poderiam ter continuado juntos, mas isso ia complicar um pouco as coisas, né? Ah, e eu até posso ver os cebônicos fazendo dancinha da vitória quando esse romance acabou. Especialmente porque tudo aquilo que o Cebola disse sobre ter desencanado da Mônica pode ter sido influencia do círculo da paixão. Logo, ele ainda a ama e quer reconquistá-la. Sim, pessoal, podem dançar e comemorar a vontade.

Meldels, meldels... se eu for falar tudo o que aconteceu na história, o post vai ficar quilométrico. Mas não posso deixar de dar os parabéns ao Emerson pela forma como a história se desenrolou. Ficaram muitas perguntas no ar, descobrimos por exemplo que explodir o planeta Tumba não foi assim boa idéia porque libertou a serpente e um monte de coisa ruim junto com ela. mas enfim... não teve outro jeito. Pelo menos sabemos como a Menina do Lago escapou e podemos apostar que a caipirotazinha vai aparecer de novo. Será que vai rolar uma reunião dos cavalos do apocalipse? Vai ter festa com caipirinha e bolinha de queijo?

Agora falando sério, gostei de como as coisas foram se resolvendo de forma natural, sem forçar a barra e sem inventar soluções toscas. O que não foi respondido, já sabemos que são mistérios que ficarão para o futuro, então não podemos falar que são fios soltos. E o bom dessa saga são esses mistérios que mantém nosso interesse. Que graça teria se tudo fosse resolvido de uma vez? O que sobraria depois?

Outra coisa de que gostei muito foi o Emerson ter usado edições passadas para servir de base para a história atual. Ele usou a ed. 49 para relembrar quando Cascão herdou os poderes do Feio e ressaltar que os poderes sujos desprezam hospedeiros fracos. E usou a ed. 73 quando o Feio foi preso pelos agentes e ainda deu continuidade ao mostrar o que aconteceu com ele depois. Sem falar que acabou soltando o vilão e o devolveu novinho em folha para que os outros roteiristas possam usá-lo no futuro.

Depois dessa, acho que ninguém vai poder falar que a saga do Emerson ocorre em uma realidade alternativa. Primeiro porque a viagem a Sococó da Ema foi mencionada na ed. do circo macabro. Isso não teria acontecido se a saga do fim do mundo ocorresse num mundo diferente. Agora porque foram mencionadas edições passadas e elas foram ligadas a saga de forma perfeita, como se dessem continuação e sentido ao que aconteceu lá atrás. Inclusive adorei o jeito como o Emerson usou os agentes da DI.NA.MI.CA. Uma ótima idéia que a Petra teve e pode render ótimas histórias no futuro.

Mas o meu maior elogio vai para a forma como o Capitão Feio foi trabalhado. Sério, depois dessa saga eu passei a vê-lo com outros olhos. Ele ganhou mais profundidade, agora sabemos sua história completa, tudo o que o levou a ser o que é hoje e também as razões para ele querer sujar todo o mundo. Da próxima vez que lermos uma história com ele, já saberemos o motivo das suas ações e achei isso muito legal.

Só que eu fiquei com algumas perguntas. Lembram quando o Feio perdeu seus poderes na ed. 49? Mesmo sem poderes ele manteve sua personalidade e ainda lutou para recuperá-los. Quer dizer, ele perdeu os poderes, mas manteve sua ruindade. Na ed. 92, quando Magali tirou seus poderes, ele voltou a ser o que era. A não ser que Cascão tenha conseguido curar alguma coisa dentro dele que acabou com aquela ruindade.

Mas ainda assim ficou estranho porque o Feio voltou a ser mau quando absorveu os poderes de novo e isso sem nenhuma sombra líquida. A explicação pode ser que a maldição foi direcionada a ele, logo é a cabeça dele que muda com os poderes enquanto o Cascão precisou engolir sombra líquida para ficar perverso. 

Bom, essa foi a crítica do mês, espero que tenham gostado. Eu sei que falei demais, só que nas histórias do Emerson é difícil falar pouco porque são muitas coisas que acontecem ao mesmo tempo, cenas que se intercalam, mistérios, detalhes... fica difícil resumir tudo isso em poucas palavras.

Para mais opiniões, confiram o vídeo do Canal Opinião Turma da Mônica Jovem. É um grande vídeo com a crítica de todas as edições dessa grande saga:

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