sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Cinderela às avessas - capítulo 30: Outra jóia brilha no céu para a Gata Borralheira

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Outra jóia brilha no céu para a Gata Borralheira


Sentada em sua mesa, Creuzodete observava a estrela também não acreditando no que via. Como era possível ela aparecer duas vezes para a mesma pessoa num espaço tão curto de tempo? Ela nunca tinha visto coisa igual em toda sua vida. Se uma vez já era raro, duas beirava o impossível.

- Por essa eu não esperava! Como será que ela vai fazer agora? Qual será seu pedido?

Com a aparição da estrela, tudo podia acontecer. Será que Carmem ia pedir para voltar a sua antiga vida? Era bem provável que sim porque durante todo o tempo era o desejo do coração dela. Bem... estava aí sua chance.

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“É isso aí, não tem erro! Vou pedir pra tudo voltar ao normal e acabou meu sofrimento! Vamos, Carmem, concentra. Você só tem uma chance!” ela respirou fundo algumas vezes e se preparou para fazer seu pedido quando Rafael perguntou.

- E você, Cascuda? O que desejaria? –

A moça pensou um pouco e respondeu.

- Que tudo dê certo pra todos nessa noite e as coisas se resolvam da melhor forma possível.

Carmem ouviu esse desejo e sentiu o coração apertar. Eles também tinham seus problemas. “Não, não posso fazer isso! essa estrela custou a aparecer e eu só posso fazer um pedido!” por alguns segundos, ela se sentiu em total conflito. Ajudá-los ou ajudar a si mesma? Talvez, ficando rica de novo, ela poderia fazer algo por eles. O importante era voltar para sua antiga vida e para seus pais.

“E se eles não me reconhecerem? E se tudo mudar? Ah, não! Aí não vai dar pra ajudar ninguém. Só que eu também preciso de ajuda! O que faço?”

Ela olhou mais uma vez para os amigos. Cassandra e Rafael tentavam começar uma vida juntos e estavam enfrentando muitos obstáculos. Apesar de terem grande talento, ninguém lhes dava uma chance. Marlene também passava por dificuldades e ia sofrer mais ainda quando perdesse aquele emprego. Se pudesse trabalhar em um bom restaurante e ter seu trabalho reconhecido, ia poder ganhar mais e dar uma vida melhor as suas filhas.

Sim... eles mereciam que tudo desse certo, pois eram boas pessoas e não justo que continuassem vivendo daquele jeito.

- Você ainda não falou o seu desejo, Carmem. – Cascuda disse lhe tirando dos pensamentos. – O que pediria?
- Eu... er... deixa eu ver... – por um instante, ela pensou em pedir para que tudo voltasse ao normal, mas não conseguiu. O pedido simplesmente não saía e ela entendeu que não era isso o que seu coração desejava.

Ela voltou a olhar para a estrela que ainda brilhava de forma insistente. Que estranho, será que ninguém mais percebia? Bem... isso não importava. Ela sabia o que pedir porque seu coração já tinha decidido. Não dava mais para mudar

- Eu desejo... que seus desejos se realizem. – ela falou olhando para o céu e sentiu uma paz muito grande. A decisão certa foi tomada. A estrela brilhou fortemente e depois sumiu.
- Awww! – Cascuda falou lhe dando um abraço.

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Em outro ponto da festa, um jovem tomava seu quinto coquetel. Ou seria o sexto?

- Ô cara, manera aí! – seu colega falou ao ver que ele estava passando da conta. – A gente ainda tem que fazer um show, esqueceu?
- Ah, qualé! Só um pouquinho pra animar! Essa festa de riquinho é chata demais! Nem tem garotas pra gente pegar! Pelo menos o goró é de primeira!
- Isso é verdade! – O baterista concordou também entediado com tudo aquilo. Eles estavam acostumados a grandes baladas e festas em boates. Isso sim era diversão.

O vocalista da banda pegou outra taça e ficou olhando ao redor a procura de alguma garota bonita para ajudar a passar o tempo. Uma garçonete lhe chamou a atenção. Ela parecia mais jovem do que as outras e era bem bonitinha apesar dos dentes.

- Aê, vou ali dar um rolé e já volto!

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- Pronto, ele capotou legal! – Cebola falou satisfeito por seu plano ter dado certo. Bastou colocar um calmante na bebida do sujeito e pronto. Ele ia dormir feito pedra a noite inteira.

Mônica chegou logo em seguida e arrastou o corpo do rapaz até um lugar bem escondido atrás do palco e Cascão o cobriu com uma lona para que ninguém visse.

Cebola foi cuidar do serviço e se encarregou de copiar a apresentação para o laptop que o rapaz usava para controlar a música e demais efeitos. Quando Carmem subisse ao palco, aquela apresentação ia ser mostrada a todos.

- Agora que tá tudo encaminhado aqui, vou procurar as meninas. Se cuida, viu?
- Pode deixar.

Ela lhe deu um beijo no rosto e foi procurar as amigas. Um sujeito entrou em seu caminho.

- Oi, coisa linda! Quer dar uma voltinha comigo?
- Agora não dá, tô trabalhando. – Mônica falou irritada com o atrevimento daquele rapaz. Estava meio escuro e ela não conseguiu ver seu rosto direito.
- Deixa disso, já tem muita gente trabalhando! Anda, me dá uma beijoca! Prometo que vai gostar!

O rapaz estava visivelmente alcoolizado e ela não estava com a menor paciência para aturar um bêbado chato pegando no seu pé.

- Dá licença que eu tenho coisa pra fazer.
- Blé, vai mesmo sua dentuça! Você nem é tão bonita assim!
- Como é que é? Grrrr! Vou te mostrar uma coisa agora mesmo!

Sem pensar no que estava fazendo, Mônica desferiu um grande soco na cara dele, atirando-o para longe. Ao se dar conta da burrice que tinha feito, ela olhou para os lados muito apavorada. Felizmente não tinha ninguém ali perto para ver seu pequeno ato de violência e ela resolveu escondê-lo no meio dos arbustos. Assim ele não ia dar nenhum trabalho.

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- Atenção senhoras e senhores! O jantar será servido e espero que apreciem! – Afonso falou ao microfone, convidando todos a se servirem no buffê.

Os convidados entraram na mansão, indo ao salão de festa onde o Buffet estava arrumado. Marlene observava de longe os garçons serviam os convidados colocando comida em seus pratos. Todos elogiavam o cheiro delicioso da comida e ela também viu, com grande satisfação, as expressões de puro deleite dos convidados ao provarem seu jantar.

- Hum... que delicioso!
- Está divino!
- Esse filé é o mais saboroso que eu comi!
- Adorei esse prato!
- Parece comida de restaurante fino!

Que coisa chata... tantas pessoas elogiando sua comida e ela não podia sequer levar os créditos. Mas quando ela estava voltando para a cozinha, ouviu a voz da Cassandra falando.

- Lá está ela. Marlene, espera um pouco!

Junto da colega, estava um homem de meia idade vestido elegantemente que ainda segurava um prato cheio de comida.

- Então foi você quem fez essa comida deliciosa? – ele perguntou após outra garfada.
- Foi sim. – ela falou meio encabulada. Será que aquele homem ia acreditar?
- Incrível! Está no nível de muitos restaurantes famosos que eu já freqüentei! Onde você trabalha?
- Sou cozinheira dos Aguiar.
- Sério mesmo? Como pode isso? Uma pessoa com seu talento?
- Er... bem...

Ele tirou um cartão do bolso e falou.

- Eu estou construindo um novo restaurante nessa cidade e ainda não tenho um bom chef de cozinha. Me procure amanhã por volta das dez horas nesse endereço. Acho que você já tem um novo emprego!

O homem saiu dali beliscando a comida no prato deixando Marlene em choque. Aquilo tinha mesmo acontecido? De verdade?

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- Pronto, acabei a maquiagem! – rebeca falou contemplando o resultado do seu serviço. Carmem tinha vestido uma roupa nova. Simples, porém bonita. E seu rosto foi maquiado discretamente.

- Você já sabe todo seu discurso, não sabe?
- Sim senhora, está tudo bem decorado e não vou errar.
- Acho bom mesmo! Você vai falar depois do show. Faça tudo direito e prepare-se para sua carreira de modelo famosa!

Carmem deu um sorriso, imaginando que aqueles dois arrogantes não faziam a menor idéia do tombo que estavam prestes a levar.

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- Onde está o Marcos? Onde ele se meteu? – o empresário bradava andando de um lado para outro arrancando o pouco cabelo que ainda tinha.
- Sei lá, ele sumiu!
- Aposto que encheu a cara e desmaiou por aí!
- Esse idiota vai estragar nosso show!

Todos procuravam pelo Marcos, vocalista da banda. Ele não era encontrado em lugar nenhum. E sem ele, não haveria show.

- Como isso foi acontecer? – Afonso falou também apavorado. Eles eram o ponto alto da sua festa. Se o show fosse cancelado, as doações poderiam ser comprometidas.
- Não se preocupe, Sr. Aguiar. Nós o encontraremos!

Cebola também estava preocupado. A notícia de que o vocalista da banda sumiu tinha se espalhado e ele temia que seu plano fosse comprometido.

- Eles acharam o sujeito? – ele perguntou para a Mônica que tinha ido atrás do palco para lhe levar um prato de salgados e um copo de refrigerante.
- Que eu saiba não. Que coisa, onde ele se enfiou? – ela perguntou meio nervosa e Cebola percebeu.
- O que foi? Você tá esquisita.
- Er... tipo assim... teve um engraçadinho que encheu a cara e ficou falando besteiras. Dei uma bifa nele que desmaiou na mesma hora.
- Como é? Deixa eu ver isso direito!

Eles foram até o esconderijo da Mônica e Cebola quase caiu para trás ao ver quem era o tal engraçadinho.

- Não acredito que você bateu no vocalista da Super Zoom!
- Então era ele? Ai não! O gatinho do Marcos me paquerou e eu bati nele?
- Droga, agora você estragou meu plano, vai atrapalhar tudo e... e... peraí! Ele deu de cima de você?
- Er... sim... – ela respondeu meio sem jeito.

O rosto dele ficou vermelho e saiu fumaça das suas orelhas.

- Então foi bem feito você ter acertado a cara dele, onde já se viu? Cara mais abusado esse! Nem sei por que vocês gostam tanto desses babacas e...
- Tá, tá, Cebola! Vamos sair daqui antes que alguém nos pegue!
- Como vai ficar o show? Isso pode ser um problema!



quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Cinderela às avessas - capítulo 29: Enfim chega o grande baile

19:50 2 Comentários
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Enfim chega o grande baile


Era noite e toda a mansão dos Aguiar estava bem iluminada para a festa. Os convidados chegavam a todo instante e os manobristas corriam de um lado para outro estacionando aqueles carros de luxo.

No jardim, várias mesas tinham sido montadas, todas com lindos enfeites e arranjos florais. Uma música suave tocava ao fundo enquanto garçons e garçonetes iam e vinham levando bandejas com salgados finos e bebidas para os convidados.

Sr. e Sra. Frufru chegaram e foram saudados pelos repórteres e fotógrafos das colunas sociais. Era o tratamento adequado ao casal mais rico do estado.

- Que decoração linda! Simples, mas de muito bom gosto! – a mulher elogiou.
- E parece que tem muitos convidados!
- Você trouxe o cartão não é querido? Vamos fazer uma doação bem generosa!
- Sim, tudo pelas crianças!

Eles foram recebidos pelos anfitriões da festa, que os trataram com toda gentileza possível, da mesma forma como faziam com os outros convidados.

- São muitas pessoas! Nem posso acreditar! – Rebeca falou tentando conter a empolgação.
- E são muitos cartões de crédito! Céus, nem consigo ver nada direito!
- Por quê?
- Tem cifrões nos meus olhos!

Os dois riram discretamente com a piada e continuaram a receber os convidados. Os membros da banda Super Zoom também circulavam pela festa dando autógrafos e posando para fotos sob as instruções do seu empresário. Eles respondiam perguntas e procuravam se mostrar muito interessados naquela causa nobre sendo que na verdade só se importavam com sua autopromoção.

Na cozinha, Marlene corria de um lado para outro preparando o jantar daquela noite. Ela cozinhou durante o dia inteiro e ainda havia bastante coisa para se fazer. Felizmente Carmem tinha conseguido que Magali e Cascuda lhe ajudassem nos preparativos, pois sozinha ela não teria dado conta. Rebeca estava ocupada demais com a festa para notar aquela pequena invasão em sua cozinha.

- Magali, calma! Não vai ter uma crise agora! – Cascuda falou ao ver que a amiga estava com aquela cara de fome olhando para a comida. – Anda, vai lá fora esfriar a cabeça!
- Ai ai! Que comida deliciosa! Minha nossa, meu estômago tá até roncando!

Ela saiu um pouco para se acalmar e Marlene perguntou.

- Ela sempre se descontrola assim com a comida?
- De vez em quando! E a sua tem um cheiro tão bom! Até eu tô ficando meio doida aqui! Já pensou em abrir um restaurante?
- Penso nisso todos os dias. O que falta é dinheiro para investir.

Cebola, Cascão e Mônica acompanhavam de longe a preparação dos recursos audiovisuais para a apresentação da Carmem. Um grande telão foi instalado no palco e havia um rapaz tomando conta dos preparativos. Eles só precisavam esperar a hora certa para agir, mas tinham que distrair aquele sujeito antes. Cebola já tinha uma boa idéia.

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Creuzodete andava entre os convidados usando um vestido preto muito elegante. Ela sentou-se numa mesa e observou ao seu redor. Ali tinha uma bela visão do palco.

“Será que aquela garota vai ter coragem de fazer isso? Estou pagando para ver!”

A noite estava bonita, com o céu limpo e estrelado. Ela olhou um pouco para o céu e arregalou os olhos. Aquilo era mesmo verdade? Impossível!

- Bolinhos de bacalhau? – uma voz feminina falou, chamando sua atenção. Carmem quase derrubou a bandeja ao reconhecer a mulher. Creuzodete também levou um susto.
- Você não vai se apresentar e fazer o discurso? – a mulher falou tentando disfarçar o embaraço.
- Preciso ajudar minhas colegas antes. Tá apertado pra elas.  Daqui a pouco vou trocar de roupa.
- Imagino que será uma apresentação e tanto!
- Pode esperar que sim.
- Pois bem, não vou atrapalhar seu trabalho. Acho que aquele casal ainda não foi servido!

Ela olhou para a direção que a vidente apontava e tremeu de emoção ao ver seus pais em uma mesa próxima. Foi exatamente por causa deles que ela pegou aquela bandeja de bolinhos para servir os convidados, já que não era essa a sua função e sim dos garçons.

“Papai... mamãe... que saudade!” ela pensou se esforçando para não chorar.

- Escuta, será que eu deveria mesmo... heim? Ela sumiu? – Creuzodete tinha desaparecido, deixando a moça confusa. Como ela conseguia desaparecer daquele jeito? – Aff, deixa pra lá. Vou lá servir eles. Tomara que não fiquem com medo de mim!

Meio hesitante, ela se aproximou do casal e falou com a voz um tanto trêmula.

- Bolinhos de bacalhau? Estão quentinhos!

Os dois a olharam com surpresa e um pouco de constrangimento.

- Como vai indo no trabalho? – sua mãe perguntou servindo-se de um bolinho.
- Estou indo muito bem, senhora. – ela falou num tom formal e o casal relaxou ao ver que ela não insistia em achar que eram seus pais.
- E você está bem agora? – seu pai perguntou.
- Estou sim senhor. Hoje eu também vou fazer uma apresentação depois do show da Super Zoom.
- Vai apresentar a instituição? Que maravilhoso! Vejo que está refazendo sua vida agora! – ela falou satisfeita ao ver que aquela garota tinha tomado um rumo.
- Estou sim...

A mulher olhou para Carmem por um tempo. Engraçado... havia algo de familiar naquela garota.

- Algum problema, senhora?
- Não, nada querida.

Como tinha outras coisas para fazer, Carmem teve que se afastar. Se pudesse, ficaria ali com eles durante a festa inteira.

- Espero que aproveitem bem a festa! – ela falou e saiu dali com os olhos molhados.

Quando a moça se afastou, Sra. Frufru disse.

- É impressionante! Ela se parece muito comigo quando eu tinha a idade dela!
- A semelhança é incrível. – seu marido concordou. - Acho que se fosse nossa filha, não ia parecer tanto!
- Verdade. E até que ela é bem encantadora.

Carmem entrou na mansão e foi até o banheiro dos empregados para chorar. Ter seus pais tão perto e não poder abraçá-los doía demais. Mesmo eles tendo sido simpáticos, o tratamento continuou sendo formal. Agora ela não era mais a filha deles. Era apenas uma empregada. O problema é que ela não sentia assim, pois ainda os via como seus pais. Ela estava disposta a aceitar tudo naquela nova vida, exceto essa parte. Não dava para se acostumar a vê-los como estranhos.

- Carmem? Está tudo bem aí? – Marlene perguntou batendo na porta.
- Tá tudo bem sim, já vou sair! – ela enxugou as lágrimas rapidamente e saiu para ajudar as colegas.

O jantar já estava bem encaminhado e ia ser servido na hora certa. Marlene estava exausta, porém orgulhosa do seu trabalho.

- Obrigada por ter mandado essas meninas. Elas ajudaram bastante.
- De nada! Agora tá tudo pronto?
- Sim. Quando chegar a hora, os garçons vão servir.
- E aí, Carmem? Tudo bem? – Cascuda perguntou entrando na cozinha.
- Tudo. E a Magali?
- Tá lá fora. Não posso deixá-la aqui dentro, senão ela devora tudo!

Marlene não acreditou.

- Que exagero, ninguém come tanto assim... come? – as duas deram uma risada. Se ela soubesse o quanto sua amiga podia comer!

Como estava quente na cozinha, elas resolveram sair um pouco para respirar ar fresco e descansar. No jardim dos fundos, Cassandra e Rafael tinham se acomodado para curtir um momento romântico.

- Olha os dois pombinhos! – Marlene falou bem humorada.
- Oh, ti fofo! Quando vai ser o casamento? Posso ser a dama de honra? – Cascuda perguntou só para deixar o primo encabulado.
- Dá um tempo!
- Hahaha! Que tempo que nada! Você até falou que vai levar ela pra conhecer seus pais!
- Ele falou isso? – Cassandra levou um susto e o jovem ficou com o rosto vermelho.
- Ei! Era pra eu contar!
- Tarde demais!

Todos deram risadas e Cassandra beijava o rosto do namorado várias vezes. Carmem sentou-se numa das cadeiras que tinha no jardim dos fundos e ficou olhando para o céu tentando afastar a tristeza de momentos antes. Os outros continuaram conversando.

- Sua comida está cheirando até aqui! – Cassandra falou respirando fundo.
(Rafael) – Todo mundo vai adorar!
- Será que teria algum dono de restaurante entre os convidados? Até que seria bom! Como eu queria uma chance!

Carmem olhava para o céu com um olhar vidrado, como se alguma coisa lhe prendesse.

- É esse o seu desejo? – Ela perguntou distraidamente.
- ???
- Se pudesse fazer um desejo, seria esse?
- Claro! Adoraria me tornar chefe de cozinha. Quem sabe um dia não abro meu próprio restaurante?
- Bom, se eu pudesse fazer um pedido, com certeza seria poder tocar para algum dono de gravadora e conseguir um bom contrato!

Alguma coisa começou a despontar no céu e Carmem firmou a vista para ver melhor.

(Cascuda) – Por que você não toca com Cassandra? Os dois dão tão certo juntos!
- Er... nunca pensei em ser cantora, nem estudei para isso...

No início, era um brilho pequeno e discreto que aos poucos foi aumentando e lhe prendendo cada vez mais.

- Mas tem talento e uma voz linda. A Cascuda está certa, nós dois formamos uma boa dupla! Quem sabe não pode dar certo?
- Esse seria meu desejo então: que nós possamos tocar juntos e fazer muito sucesso!

O brilho foi se tornando mais forte e ela mal podia ver as outras estrelas. Era tão bonito, parecia mesmo uma grande jóia no céu. Espera... uma jóia no céu? Seria mesmo possível?

“Ai meu santo! Eu não posso acreditar!”

A estrela brilhava com todo seu esplendor, lhe convidando a pedir qualquer coisa que seu coração desejasse. A solução para todos os seus problemas estava bem ali a sua frente. Era por isso que ela vinha esperando há várias semanas. Não dava para desperdiçar aquela chance. A sua chance!

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Cinderela às avessas - capítulo 28: Todos conspiram contra a bruxa

19:23 1 Comentários
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É isso aí, pessoal! A fanfic está nos finalmentes. Faltam somente seis capítulos para acabar. Contagem regressiva!




Todos conspiram contra a bruxa


Aos poucos, a Rebeca foi comprando os ingredientes para o jantar que ia ser servido na grande festa. Tudo do mais fino e requintado. Marlene ficou encarregada de cozinhar tudo, o que ia ser um grande sacrifício porque ela não ia ter ajuda de ninguém. Cassandra e Carmem ficaram encarregadas de ajudar na arrumação da festa e uma empresa foi contratada para cuidar da decoração enquanto outra ficou de fornecer salgados e bebidas.

Um palco também ia ser montado no jardim onde todos podiam ver e ouvir a banda Super Zoom. Tudo parecia perfeito.

Enquanto isso, Cebola pesquisava sobre o casal com a ajuda de Franja que procurava em bases de dados da polícia federal.

- Olha quanta coisa eu tô achando! – ele falou olhando para a tela. - Parece que eles andaram aplicando muitos golpes e são procurados pelo país inteiro!

Várias fotos deles foram mostradas com visuais diferentes, especialmente o da mulher que aparecia com cabelos castanhos, loiros, ruivos, pretos, curtos, compridos, enrolados, lisos, cacheados... eles sabiam se disfarçar muito bem e criar identidades falsas. No momento, eles usavam os nomes de Afonso e rebeca Aguiar, mas seus nomes verdadeiros eram José silva e Marta Ribeiro. Dois golpistas profissionais que ganhavam a vida lesando pessoas que entravam em seu caminho.

- Eles já aplicaram golpes de milhões de reais! – Cebola falou. – Rapaz, é tanto crime que se a polícia botar a mão neles, vão ficar presos por um século!
- Parece que temos provas suficientes para uma denúncia. O resto vai ser com a polícia.
- Não seria melhor esperar a tal festa?
- Vamos denunciá-los o quanto antes. Além do mais, a polícia vai precisar de um tempo para reunir provas e conseguir um mandado de prisão, essas coisas. Não vamos deixar para a última hora, ainda mais que eles planejam fugir.

Mesmo contrariado em saber que eles não iam ser presos no meio da festa, Cebola ficou feliz com o desfecho da história. Ainda assim ele preparou uma boa apresentação caso a festa acabasse ocorrendo. Assim Carmem poderia desmascará-los durante a apresentação. Era uma forma de não deixar que as pessoas fossem lesadas por esses dois.

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Carmem varria o chão ao redor da piscina e estava perdida em seus pensamentos. Rafael tinha lhe dado um recado de Cascuda onde ela dizia que Franja denunciou o casal a polícia. Eles iam ser investigados por alguns dias e depois seria dada a voz de prisão. Como ela e os outros empregados iam ficar depois disso? Os outros três ainda tinham boas chances de arrumar outro emprego, mas e ela?

“Será que eu vou pra rua de novo? O que vou fazer? Será que alguém vai me dar outro emprego?” ela parou de trabalhar e ficou remoendo as preocupações. Sem a proteção que Creuzodete lhe dava, tudo ia ficar mais difícil. Cascuda tinha lhe falado que ia dar um jeito de lhe ajudar pedindo a seus pais que a deixasse ficar uns dias na sua casa até achar outro trabalho. Aninha ficou de procurar outro emprego ou talvez uma instituição que pudesse acolhê-la. Cebola se comprometeu a lhe dar aulas de informática, Mônica combinou com as meninas de lhe arrumar mais roupas também pensou em procurar a direção do colégio Limoeiro para ver se eles davam uma orientação sobre como ajudá-la melhor.

“Eles estão sendo tão legais comigo! Não sabia que eram tão gente boa assim!” Durante muitos anos, ela conviveu com a turma e nunca se deu conta dos excelentes amigos que tinha. Mesmo não a conhecendo, eles se preocupavam em ajudá-la. E pensar que ela tinha sido tão chata com todos! Especialmente com Mônica e Cascuda e no entanto, elas eram as que mais se preocupavam em ajudá-la.

Quando terminou o seu trabalho ali, Carmem foi cuidar da próxima tarefa sentindo-se mais segura com relação ao futuro. Saber que não estava sozinha lhe dava mais forças para enfrentar as dificuldades que estavam por vir.

Com o tempo e muito trabalho, ela ia refazer sua vida e ser independente. Talvez nem fosse tão ruim assim. Pelo menos agora ela tinha um objetivo a seguir, diferente da sua vida anterior que girava ao redor de fofocas e compras. Agora tudo parecia diferente, mais sólido e verdadeiro. Ela finalmente entendeu o valor do dinheiro e como era errado esbanjá-lo de forma tão leviana. E entendeu também as dificuldades pelas quais tantas pessoas passavam para ganhar a vida. Por que havia tanta desigualdade? Ninguém devia viver daquele jeito.

Atrás de uns arbustos, Creuzodete observava Carmem com um leve sorriso no rosto. Quem poderia acreditar que aquela pirralha era capaz de aprender algo? Se continuasse daquele jeito, em breve ela não ia mais precisar da sua proteção, pois teria mais condições de andar com as próprias pernas.

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Na casa da Aninha, Mônica e Magali provavam os uniformes de garçonete que ela tinha lhes arranjado.

- Foi um custo pra conseguir esses uniformes. Tomem cuidado pra não rasgar, viu?
- Pode deixar. – Mônica falou olhando seu reflexo no espelho. Não era tão gracioso quanto os uniformes de animes. Aliás, não era nem parecido. Tratava-se de uma camisa de mangas compridas na cor branca coberta por um colete preto e uma gravatinha borboleta. Para combinar, calça e sapatos pretos. Ainda assim era bem elegante.
- Será que vai ter muito salgadinho na festa? Nham nham!
- Magali, a gente não vai lá pra comer!
- Ah, Mô! Um pouquinho só não vai matar ninguém!

Tendo provado seus uniformes, Mônica colocou tudo em uma sacola, juntamente com os do Cebola e Cascão. Como queria ajudar também, elas tinham conseguido um uniforme para Cascuda.

- Eu também consegui uns crachás pra vocês, só tomem cuidado para não serem descobertos antes da hora.

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Os dias foram passando rapidamente, junto com os preparativos para a festa. O casal Aguiar tinha feito muita propaganda e por todas as partes se falavam naquela grande festa. Todos queriam conhecer a instituição Criança Feliz e também ajudar. Tanto que eles estavam até recebendo doações adiantadas, para a felicidade deles.

Rebeca fez o discurso e Carmem tinha que decorar tudo sob o olhar exigente da patroa que a corrigia pelos menores erros.

- Lembre-se de que isso lhe custa uma carreira promissora de modelo, querida! Nosso sucesso será seu sucesso também! – ela lhe lembrava a toda hora.

Carmem tinha desenvoltura para falar em público quando queria, sabia se comportar, tinha a postura certa e podia ser até carismática e engraçada. Do que aquela chata estava reclamando? Vai ver estava com inveja da sua beleza e dos seus cabelos loiros naturais. Desde que chegara ali, aquela mulher vivia implicando com seus cabelos mesmo estando devidamente presos.

Sua preocupação era ver o tempo passar e nenhum sinal da polícia. Isso sim era preocupante. E se eles não fizessem nada? E se aqueles dois acabassem fugindo? Se a polícia não aparecesse, ela pretendia desmascará-los naquela festa de qualquer forma. Impunes eles não iam ficar.

Era dia vinte e oito de janeiro quando os membros da banda Super Zoom e seu empresário chegaram na BMW conduzida por Rafael. Todos foram recebidos alegremente por Afonso e rebeca.

- Sejam bem vindos a nossa humilde casa! – ele falou recebendo-os de braços abertos.
- Espero que apreciem sua estadia! – a mulher também completou.

Rafael levou as bagagens para os quartos preparados especialmente para eles. Foi com muito desgosto que o casal precisou providenciar roupas de camas, toalhas, sabonetes, etc. para que eles ficassem confortáveis. Ainda assim procuravam não reclamar, pois pagar o cachê deles teria saído muito mais caro.

Carmem acompanhava os rapazes junto com Rebeca, ajudando-os a guardar suas roupas e fazendo grande esforço para não ter o típico chilique de fã. Sério mesmo que ela estava tão perto daqueles rapazes maravilhosos?

“Ah, se a Denise me visse agora! Ia morrer de inveja! Hahaha!” depois que eles foram devidamente instalados, ela foi para a cozinha e viu Rafael meio deprimido com Cassandra tentando consolá-lo.

- Esses pirralhos não tocam nada e são tratados como se fossem o Papa!
- Não fica assim, amor! Sei que você é bem mais talentoso do que eles!
- Hunf! Mas isso não é suficiente para esses arrogantes! Se eu tivesse ao menos uma chance! Só uma chance!
- Todos nós queremos uma chance. – Marlene falou com seu jeito tranqüilo de sempre. – Eu queria uma chance para mostrar meus talentos culinários e ser chefe de cozinha. A Cassandra também adoraria ter a chance de cantar.
- Mas parece que só a Carmem vai ter alguma chance. – Rafael falou mostrando visível desgosto.
- Acho que não. – ela falou dando um susto no jovem que não tinha percebido sua presença.
- Como assim?
- Não quero fazer parte disso. Se a polícia não aparecer, vou desmascarar esses dois sozinha!

Marlene tentou colocar juízo na cabeça dela.

- Se fizer isso, vai jogar sua chance fora!
- Tenho amigos que vão me ajudar. Mas não vou deixar esses dois enganar todo mundo assim não! É muito desaforo!
- Você tem coragem para uma princesinha mimada. – Cassandra falou tentando disfarçar que estava começando a sentir alguma admiração por Carmem.
- Nhé!
- Foi mal o que falei antes. Você tem coragem mesmo!

Cada um foi cuidar dos seus afazeres enquanto Carmem pensava consigo mesma no que estava prestes a fazer. Era mesmo coragem ou ingenuidade? Ela não sabia, mas pretendia seguir seu coração. Pela primeira vez, ela não sentia mais aquele incômodo desagradável. Sua consciência não doía mais.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Cinderela às avessas - capítulo 27: Por isso ela decide lutar

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Por isso ela decide lutar

O casal Aguiar estava muito empolgado com a festa, principalmente depois de Carmem ter falado que aceitava a proposta deles.

- Vamos fazer propaganda para a cidade inteira!
- Que venham todos os ricaços com seus cartões de crédito! Vamos nadar em dinheiro!

A banda Super Zoom também tinha confirmado sua presença, o que ia aumentar o sucesso da festa. Carmem acompanhava os preparativos tentando conter a indignação. A Sra. Aguiar lhe prometeu comprar roupa nova para se apresentar no palco e depois disso seria apresentada ao dono da agência de modelos.

Só que ela não conseguia se conformar com aquela situação. Então, no domingo, ela foi a casa da Cascuda após tomar uma decisão muito importante. Era preciso pedir ajuda.

- Você tem certeza? Sério mesmo? – Cascuda perguntou muito surpresa.
- Tenho sim, isso não pode passar batido! Se a gente não fizer nada, eles vão roubar aquelas pessoas. Vão roubar meus pais! Não quero deixar isso acontecer. Por favor, pede ajuda pro pessoal!
- Vou chamá-los e você poderá falar com eles.
- Não vão me levar a sério!
- Vão sim, Carmem. Eu te ajudo.

Cascuda ligou para o Cascão, pedindo que ele chamasse o Cebola e também ligou para Mônica e Magali convocando uma reunião de emergência na sua casa. Quando eles chegaram e Carmem contou tudo o que tinha ouvido dos seus patrões, as paredes da casa tremeram com o grito de raiva que Mônica tinha dado.

- Quanta safadeza desses dois! Eu devia dar uma surra neles, isso sim! Onde já se viu fazer uma coisa dessas? Eles são uns ladrões!

Magali procurou acalmá-la e Cebola falou.

- Se vamos desmascarar esses dois, precisaremos de um plano. E rápido, a festa é no fim do mês!
- Temos que conseguir provas de que eles são uns malandros! Sem isso, não vai dar pra fazer nada! – Mônica falou mais calma.
- Não posso só falar o que eu ouvi?
- Não, Carmem. Sem provas, isso seria crime de calúnia e pode te dar problemas. Temos que conseguir as provas primeiro. Qual é o nome da tal instituição?
- Criança Feliz.

Cascão coçou o queixo.

- Nunca ouvi falar.
(Magali) – Nem eu. Então deve ser falsa mesmo!
(Mônica) – Temos que provar que essa instituição é falsa. Assim podemos acabar com a farra deles!
(Cebola) – Eles devem ter muitas provas no escritório da casa. Se eu pudesse mexer no computador deles...
- Ih, não dá. Tem senha no computador e o escritório vive trancado.
- Mesmo com senha, posso dar um jeito de invadir.

Cebola começou a fazer algumas anotações e Magali falou distraidamente.

- Que pena tudo ser uma farsa... aposto que vai ter muita coisa gostosa na festa! Bem que eu queria ir!
- Eu também, a Super Zoom vai se apresentar também! – Mônica falou suspirando pelos rapazes da banda, deixando Cebola irritado.
- Bah, como vocês vão entrar na festa? Só se for de gaiato e... – ele parou de falar e ficou pensativo, enchendo Cascão de medo.
- Essa não! Ele tá fazendo aquela cara de novo! – ele falou ver aquela expressão amalucada no rosto do amigo.
- Pois eu tive uma idéia. Carmem, você falou que eles vão mostrar fotos da tal instituição, não falou?
- Er... sim!
- E se ao invés dessas fotos, a gente mostrar provas de que eles são uns mentirosos?

Mônica entendeu a idéia e deu um beijo no rosto do rapaz.

- Que boa idéia, Cê! Aí eles serão desmascarados na frente de todo mundo!
- Se eu puder entrar na festa, poderei dar um jeito de mostrar essas provas a todo mundo! Mas antes temos que investigar bem e não temos muito tempo. Por acaso seus patrões saem muito de casa?
- Sim, bastante.
- Em horários definidos?
- Eles sempre passam a tarde nos clubes elegantes da cidade.
- Ótimo. Então nós vamos...

Cascão foi logo cortando a conversa.

- Já sei o que você tá pensando, cara! Quer invadir a casa deles?
- Preciso ter acesso ao computador pra conseguir as provas!
- O Cebola tá certo, Cascão! – Mônica falou.
(Magali) – Mas é perigoso!
(Mônica) – É por isso mesmo que a gente vai vigiar bem pra não dar zebra. Só que tem os outros empregados da casa...
- Tem a Marlene e a Cassandra. O Rafa vai sair com eles, então não vai ver nada. E elas eu acho que não vão dedurar.

Eles combinaram o dia e a hora em que pretendiam ir até a mansão. Somente Cebola pretendia entrar na casa. Os outros três iam ficar do lado de fora. Cascuda ia dar um jeito de pedir ao Rafael para lhes dar um toquinho avisando que estavam chegando e assim lhes dar tempo para fugir.

__________________________________________________________

- Eu ainda não sei se é boa idéia... – Marlene falou muito preocupada. Cassandra também estava com medo.
- Se descobrirem, podemos ir presas!
- Não se preocupem que eu vou falar que fiz sozinha. Vocês não precisam fazer nada, é só deixar meu amigo entrar pra olhar o computador deles.
- E se eles voltarem?
- O Rafa vai nos dar um toquinho avisando. Assim ele vai embora antes.

Depois de muito insistir, as duas acabaram concordando, pois também queriam que aqueles dois fossem punidos.

Tudo acertado, Carmem ligou para Cascuda e eles marcaram de fazer tudo naquela tarde mesmo, já que o casal tinha um compromisso importante com um vereador que pretendia contribuir para a festa em troca de propaganda eleitoral.

Quando viram Rafael levando o casal de carro para longe, Cebola foi tocar o interfone enquanto Mônica, Cascão e Magali ficaram do lado de fora vigiando para o caso de eles voltarem sem aviso.

Carmem abriu o portão deixando o rapaz entrar e os dois foram até o escritório. Marlene e Cassandra estavam em outro ponto da casa para que não vissem nada.

- Só não sei como a gente vai entrar. Tá trancado, ó!
- Tem grilo não. O franja me descolou esse treco que abre fechaduras sem estragar. Vai ser moleza!

Não foi tão fácil assim porque o pequeno dispositivo deu alguns problemas como acontecia em todo invento do Franja. Ainda assim, Cebola conseguiu abrir a porta e foi direto para o computador.

- Blé, até parece que isso vai me impedir! – ele falou ao ver que o computador exigia senha para entrar. Depois de passar pela segurança, todas as pastas e arquivos estavam disponíveis para ele. – Agora vamos procurar. Enquanto isso, por que você não dá uma olhada por aí pra ver se acha alguma coisa?
- Ah, tá!

Carmem foi xeretando o escritório enquanto Cebola vasculhava o computador. Após muito mexer, o rapaz deu um sorriso de vitória.

- Olha só! Achei umas fotos da tal instituição e dá pra ver que esse lugar é só fachada! Nem tem nada lá dentro!
- E as crianças que aparecem nas fotos?
- É montagem. Muito bem feita, devo admitir, mas é tudo montagem. Eles foram pegando umas crianças aqui e ali e juntaram num lugar só, acrescentaram placas, cartazes e pronto! É tudo falso!

Ele achou mais fotos do lugar e até conseguiu o endereço. Ficava ali mesmo na cidade, em um ponto afastado da periferia. A casa nem era tão grande assim, estava mal conservada e vazia. As montagens tinham sido feitas de tal forma que o lugar parecia maior e mais bonito do que era na verdade.

- Aqui também tem uma planilha com cálculos. Parece que eles estão esperando receber muito dinheiro!
- Eles vão usar as máquinas de cartões de crédito!
- Deixa eu ver se acho alguma coisa... aqui tem, ó! Eles andaram trocando e-mails com uma quadrilha especializada nessas coisas! Vou copiar o máximo que puder pro pen drive. Isso deve ser suficiente pra uma denúncia anônima.
- Vamos chamar a polícia de uma vez?
- Quer saber? Vamos seguir o plano e desmascará-los na festa. Se chamarmos a polícia agora, eles poderão fugir e aí danou tudo. Vamos contar com o elemento surpresa a nosso favor.
- Que boa idéia!

Cebola coletou todo o material que pode do computador, o suficiente para fazer uma boa apresentação e mostrar a todos que aqueles dois eram uns vigaristas.

- Essa gaveta está trancada a chave. Que coisa! – Carmem reclamou ao tentar abrir uma gaveta sem sucesso.
- Então deve ter algo importante aí! Deixa eu ver.

Cebola pegou um grampo da moça e abriu a fechadura sem problemas porque era mais simples. Ali dentro havia alguns recortes de jornais e revistas.

- Por que eles guardam isso? – Carmem perguntou pegando um recorte e lendo a reportagem. – “Casal acusado de dar o golpe em seguradora...”

Cebola pegou outro.

- Olha esse aqui: “dupla de vigaristas causa milhões em prejuízo aplicando golpes em aposentados.” Rapaz, esses dois são bandidos mesmo!

Havia outros recortes que Cebola foi tirando fotos com o celular da melhor forma possível. O importante era o título da notícia estar nítido, assim ele poderia pesquisar mais tarde. Quando terminou as fotos, seu celular tocou. Era Rafael avisando que eles estavam a caminho e o rapaz viu que era hora de ir embora. Eles deixaram tudo como estava, trancou a porta do escritório e Cebola saiu dali o mais rápido possível feliz por ter conseguido até mais do que procurava. Aqueles vigaristas não perdiam por esperar!

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Cinderela às avessas - capítulo 26: Ela descobre que a madrasta também é uma bruxa

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Ela descobre que a madrasta também é uma bruxa


A comemoração de ano novo da família da Cascuda tinha sido muito boa. Eles comeram bem, riram, comemoraram e Carmem foi dormir às duas da manhã se sentindo melhor e com o coração menos partido. Como sabia que ela tinha de dormir no chão todas as noites, Cascuda cedeu sua cama para que a amiga pudesse dormir melhor.

Como insistiram para que ela ficasse para o almoço, Carmem só foi embora depois das três da tarde. Ela não pode ficar mais porque tinha medo de andar sozinha a noite.

“Puxa, será mesmo que eu vou ser modelo?” ela ia pensando dentro do ônibus na viagem de volta. “Tomara que eu fique bem famosa e ganhe muito dinheiro! Aí vou ter minha própria casa! Talvez um apartamento não muito grande, que fica mais fácil cuidar. Hum... será que vou precisar de empregada? Acho que sim, mas eu não vou maltratar ela não, isso é muito ruim!”

Ela foi pensando na vida e fazendo planos para o futuro. Apesar daquele incômodo que insistia, a perspectiva de uma vida melhor era bem mais atraente. Quem sabe se ficasse rica e famosa, ela poderia se reaproximar dos seus pais como amiga?

“Lar doce lar. Só que não!”. Era tão triste ter que entrar naquela casa! Tudo era silencioso, frio e sem calor humano. Muito diferente da casa da Cascuda que era simples porém alegre. Quando foi ao seu quarto trocar de roupa, uma conversa vinda da cozinha lhe chamou a atenção. Eram os patrões.

O que estavam fazendo ali? Eles não iam voltar somente de noite? Movida pela curiosidade, Carmem andou pé ante pé e ficou observando os dois tomando cuidado para não ser vista. Eles estavam na despensa guardando uma grande caixa de papelão.

- Tem certeza de que ninguém vai mexer aqui?
- Tenho, querido. Eu tranco essa despensa a chave e só eu tenho acesso. As máquinas ficarão seguras aqui.

“Máquinas? Que máquinas? Eu heim!” o casal continuou conversando.

- Então está tudo encaminhado para o nosso golpe. – o patrão falou. – Vamos limpar a conta bancária desses ricaços e sumir do país! Nunca vão nos achar!
- Já consegui passaportes falsos! Vamos mudar o visual e ninguém irá nos reconhecer!

Carmem ficou toda arrepiada. Eles eram tão vigaristas assim?

Após guardar a caixa, eles trancaram a despensa e foram até a cozinha, onde a Sra. Aguiar abriu uma garrafa de vinho e serviu uma taça para cada um acompanhada com canapés finos.

- Ao nosso sucesso! – ela brindou. – Ganharemos milhões!
- Vamos morar no caribe, em uma casa bem melhor que essa!

“Eles pretendem fugir? Essa não!”

- Acha mesmo que eles vão fazer as doações com cartões de crédito? – ela perguntou meio insegura.
- Sim. Mesmo que alguns paguem com cheque, a maioria vai preferir usar o cartão. Aí nossas máquinas vão clonar todos eles! Especialmente o dos Frufrus! Vamos roubar tudo o que pudermos deles!

Seus olhos arregalaram. Clonar cartões de crédito? Era esse o golpe que eles pretendiam dar? E ainda pretendiam lesar seus pais?

- E de quebra teremos as doações para o “Criança Feliz”. Mas quem vai ficar muito feliz somos nós! Estou tão emocionada! Hahaha!
- Eu também, querida! Só que teremos de esperar um tempo antes de limpar a conta deles. Coisa de um mês ou menos para não levantar suspeitas. Assim teremos tempo de preparar nossa fuga e quem sabe não conseguimos mais doações?
- Isso seria incrível! Também vamos dar um jeito de entregar essa mansão. O aluguel custa muito caro!
- E os empregados?
- O chofer, a cozinheira e a outra empregada vão para o olho da rua, ora! Não vamos mais precisar delas.
- Ainda tem a loirinha. Você pretende cumprir sua promessa se ela aceitar a proposta?
- Se não fizer, ela poderá dar com a língua entre os dentes. Como eu tenho muitos contatos na agencia de modelos, não vai me custar nada e teremos sossego. Os outros três não valem nada e não nos darão trabalho.

Por pouco Carmem não saiu de onde estava para dar uma surra nos dois. Eles conversaram mais um pouco, traçaram alguns esquemas e saíram da cozinha rindo e comemorando. Ela voltou para seu quarto tremendo de raiva e indignação.

Não dava para acreditar que aquilo estava acontecendo! Como eles podiam fazer uma coisa dessas? Era cruel demais! E ainda pretendiam dispensar os outros três como se fossem lixo!

- Ai meu santo! O que eu faço agora? O que faço? – ela resmungava andando de um lado para outro. Talvez o melhor fosse não fazer nada. O que ela poderia fazer? Não havia como impedir aqueles dois.

Por outro lado, seus amigos estavam prestes a serem demitidos. Não seria melhor avisá-los para que procurassem outro emprego?

- Mas aí eles podem sair antes da festa e vão estragar minha chance! Ai, não, espera! Isso não é justo! Não posso pensar só em mim!

Ela sentou-se na cama e pensou em cada um deles. Marlene era uma pessoa boa, trabalhadora e esforçada que precisava do trabalho para sustentar sua família. Sem falar que ela sempre lhe tratou bem desde que a conheceu. Rafael e Cassandra lutavam para melhorar de vida e também eram boas pessoas. Seria justo não avisá-los de nada só para salvar a própria pele?

- Eu preciso pensar! Tenho que pensar! Que droga, falo ou não falo?

Seus colegas de trabalho chegaram logo em seguida e Carmem ainda estava em conflito. Ela foi até a cozinha onde os três conversavam. Cassandra e Rafael estavam abraçados, indicando que agora estavam namorando. Ao vê-la, eles perceberam que havia alguma coisa errada.

- O que foi? Você está com uma cara! – Marlene perguntou.
- Aconteceu alguma coisa?
- Não, nada. Mas é que... que... eu ouvi uma coisa e...

Ela engoliu ruidosamente, respirou fundo e ia falar quando Marlene interrompeu.

- Você anda ouvindo demais a conversa dos patrões. Não faça isso ou poderá se dar muito mal. Vem, vamos preparar o jantar antes que a madame venha nos dar bronca.

Cassandra foi trocar de roupa enquanto Carmem ajudava Marlene.

- Será que eles vão pagar o resto do décimo terceiro esse mês? – Cassandra perguntou voltando com seu uniforme. – Meu pai está precisando de remédios.
- O banheiro lá em casa está com vazamento e isso vai custar dinheiro. – Marlene também falou. - Tomara que eles não fiquem nos enrolando.

Carmem se remexeu inquietamente e continuou trabalhando. Rafael entrou na conversa.

- Até que seria bom. Eu estava pensando em produzir e vender meu CD, mas isso custa muito caro!

“Eles estão em dificuldades. Com vão fazer se perder o emprego tão de repente? Não, isso não é justo! Eles precisam saber!” por fim ela não agüentou mais e resolveu abrir o jogo. Não era justo deixar seus amigos serem prejudicados daquela forma. Depois do jantar e dos patrões se recolherem, Carmem resolveu soltar a bomba.

- Gente, eu tenho que contar uma coisa pra vocês.

A medida que ela foi contando tudo o que ouviu, Marlene e Cassandra choravam de raiva enquanto Rafael socava a mesa para extravasar toda a indignação.

- Eu não acredito que eles vão fazer isso com a gente! – ele bradava toda hora.
(Cassandra) – eles são uns monstros! Vão jogar a gente no olho da rua sem a menor consideração!
(Marlene) – Sempre achei que esses dois não valiam nada. Agora tenho certeza!
(Cassandra) – Eu preciso procurar outro emprego urgente! O pior é que sem carta de recomendação fica muito difícil!
(Marlene) – Também é difícil para mim! Não é todo mundo que contrata uma cozinheira e nos restaurantes é bem mais complicado.
- Mas você cozinha tão bem e sua comida é ótima! Tanto que eles até te mandaram cozinhar pra festa deles! Por que o dono de um restaurante não ia querer te contratar?

Marlene deu um sorriso amargo, abriu os braços e falou.

- Por causa disso!

Carmem olhou por um tempo e perguntou.

- Er... listras horizontais? – a outra deu um risinho e esclareceu.
- A cor da minha pele. Eu sou negra e é difícil para mim arrumar um trabalho num país tão racista quanto esse.
- Que absurdo! O que uma coisa tem a ver com a outra? Não é justo!
- Mas é o que é. De qualquer forma, obrigada por nos avisar. Vamos ter que começar a procurar trabalho rapidamente ou estaremos encrencados.
(Rafael) - Pelo menos você não vai ter que se preocupar com nada. Se a madame cumprir a promessa, você estará encaminhada.
- Mas ainda não é justo ver vocês em dificuldade assim! Não queria que isso acontecesse, acho que nem devia aceitar essa proposta.

A cozinheira deu um tapinha nas suas costas e falou.

- Se você recusar, não vai mudar nada. Eles farão de qualquer jeito. Nós temos casa e lugar para ficar. Você não, então é melhor que esteja encaminhada mesmo.

Naquela mesma noite, o casal chamou Carmem para seu escritório e ela aceitou a proposta deles ainda que de coração partido.

Na hora de dormir Carmem ouviu Cassandra chorar, mas não falou nada e ficou remoendo seus pensamentos. Aqueles dois iam aplicar um golpe em todo mundo e depois fugir ilesos. Era justo isso? Será que não dava para fazer nada?

Ela virou-se para o lado e continuou pensando. Para poder acusá-los de alguma coisa, ela ia precisar de provas, coisa que não tinha.

“Se eu puder provar que eles são vigaristas, pelo menos ia evitar que todo mundo fosse roubado. E eles podem até ser presos, aí seria bem feito pra eles!” aquela idéia parecia muito boa. Só faltava saber como colocar seu plano em ação. Aliás, ela sequer tinha um plano. Era um assunto muito sério e delicado, complicado demais para ela pensar sozinha. O jeito então era pedir ajuda.

“Eu preciso falar com a Cascuda e com o resto da turma de qualquer jeito! Só eles podem me ajudar!”

 

Cinderela às avessas - capítulo 25: A gata borralheira sente falta do que perdeu

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A gata borralheira sente falta do que perdeu


Ela já tinha participado daquela festinha algumas vezes. Antes de irem passar o réveillon com suas famílias, a turma gostava de se reunir para darem uma pequena festa. Só que daquela vez ela não era um deles. Era apenas uma amiga que Cascuda tinha convidado. Ninguém ali a conhecia mais.

- Meninas, essa é a Carmem, minha amiga.
- Oi, Carmem! – Mônica cumprimentou junto com as outras procurando ser simpática.
- Oi, prazer em conhecer. – Carmem respondeu meio constrangida. Era tão estranho estar sendo apresentada a pessoas que ela conhecia desde a infância! Ela conhecia todos, mas ninguém ali se lembrava dela.

No início ficou um clima meio estranho por causa daquele dia em que ela apareceu na frente deles parecendo uma louca desvairada. A moça se sentia em clara desvantagem pois não era mais a garota rica e mimada. Sua situação era outra: uma empregada doméstica lutando para sobreviver e sem mais ninguém no mundo. No fim, todos foram gentis e aos poucos ela foi se sentindo mais a vontade. Ninguém lhe tratou com pouco caso como ela esperava.

Os rapazes até se interessaram porque apesar de tudo, ela ainda era muito bonita. De vez em quando Cebola lhe lançava alguns olhares e ela procurava ficar longe dele o máximo possível. Se a Mônica implicasse com ela, tudo estaria acabado.

- Ei, não precisa ter medo dos meninos! – Cascuda falou tentando acalmá-la.
- Preciso sim! Viu como o Cebola ficou me olhando? Já pensou se a Mônica arma barraco com ele por minha causa?
- Calma, não precisa apavorar. Ah, olha! A Irene chegou e ele foi lá conversar com ela. A Mônica vai ter outra coisa com que se preocupar. Agora tenta aproveitar um pouco a festa, né?

Cascuda estava certa. Apesar dos pequenos incômodos, a festa estava muito boa. Quim preparava um churrasco, havia refrigerantes, salgados e docinhos. Uma música agradável tocava num volume confortável e todos conversavam alegremente. Quando foi se servir de alguns salgados, Carmem viu que Maria Melo se contorcia diante da mesa, querendo e ao mesmo tempo não querendo devorar aquelas delícias.

- Por que não come? – Carmem perguntou. – Você não vai engordar só porque comeu uma coxinha.
- Ué, como sabe que eu tenho medo de engordar? – a outra perguntou surpresa.
- Porque eu também tenho, né?
- Só que eu quero ser modelo e até enviei fotos praquela agencia super badalada da cidade! Será que dessa vez vão me aceitar? Cansei de ser rejeitada, ai que dor!

Carmem acabou ficando com pena da amiga e aquele incômodo aumentou ainda mais. Seria justo ela conseguir ser modelo tão facilmente e ainda por meios desonestos enquanto a pobre da Maria Melo quase se matava para realizar seu sonho?

Mais adiante, ela viu Mônica fazendo cara feia, para variar. Era porque Cebola estava de papo com a Irene. Sempre a Irene!
- Grrrr! Aquele folgado tá afim de começar o ano com a cabeça cheia de calos, não é?

“Hehe, antes ela do que eu!” Carmem pensou aliviada por não ser motivo de briga entre aqueles dois.

Em outro ponto da festa, ela ouviu o Cascão conversando com os rapazes.

- E no fim era a minha prima Tonica que tinha aprontado aquilo tudo. Véi, tem algo errado no gene da minha família, fala sério!
(Xaveco) – E vocês andaram numa nave espacial?
(Ninbus) – Enfrentaram vilões? Que doido!
(DC) – Blé, nem foi grande coisa!

“Puxa, eles tiveram outra aventura e eu nem fiquei sabendo!” ela ficou chateada por se ver a margem de tudo. Trabalhar naquela casa lhe deixava praticamente isolada do mundo porque ela não podia mais ver televisão, ouvir rádio ou mexer na internet. Como tinha pouco dinheiro, também não podia sair. Seus únicos passeios era ir a casa da Cascuda e só.

- E aí, gatinha? A gente não se viu no natal, mas podemos passar o ano novo juntinhos! – Toni falou com seu jeito cafajeste de sempre, deixando-a irritada.
- Sai pra lá, Mané! Ela não quer nada com você! – Titi falou aparecendo de repente e os dois começaram a discutir, deixando Carmem muito desconfortável.
- Gente, eu não quero ficar com ninguém hoje não, tá?
- Ah, qualé! Olha só esses músculos! Você vai recusar? – ele falou tentando colocar um braço ao redor do ombro dela e sentiu um forte apertão no pulso.
- Sim, ela vai recusar, seu tosco! – Mônica falou muito zangada. – Eu não vou te bater porque é ano novo, mas pára de encher o saco!

Os dois se afastaram e a festa seguiu seu curso. Muito curiosa com a nova garota, Denise se aproximou para conversar e logo estavam papeando como se conhecessem há muito tempo, o que era verdade embora Denise não se lembrasse.

- Menina, que bafão! Então a Super Zoom vai tocar na festa dos seus patrões? Me quebra um ovo que eu tô chocada! – a conversa logo chamou a atenção das outras garotas.
(Isa) - Você vai ver aqueles gatinhos de perto? Ai que inveja!
(Magali) – Eles são lindos e cantam muito bem!
(Mônica) – Agora fiquei com vontade de ir. Pena que precisa pagar!
- Pois é, a festa é pros ricaços fazerem suas doações pra caridade.
(Denise) – Eles bem que podiam fazer a caridade de me deixar entrar. Ai, vou chorar litros!

Ao ouvir a conversa, Cebola fez cara feia e disparou.

- Bah, eu não sei o que vocês vêem naqueles babacas! Eles são uns otários, isso sim!

Vários olhares furiosos se voltaram para ele, que se encolheu todo e saiu dali discretamente. Elas voltaram a conversar animadamente de novo e depois de um tempo, Carmem já se sentia parte da turma novamente.

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Creuzodete passeava na beira da praia aproveitando que o movimento estava menor. Dentro de algumas horas, ia ficar lotado de pessoas. Ela pensava em Carmem e em como ela ia resolver aquele problema. Era um grande dilema moral e não havia como prever o desfecho das coisas.

“Será que ela vai fazer alguma coisa ou o egoísmo será mais forte? Confesso que nem eu sei dizer. Mas estou bem curiosa!”

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A festa tinha acabado há um tempo e cada um foi para sua casa passar o ano novo com suas famílias. Carmem também ia para a casa da Cascuda, mas quis passar em um lugar antes.

“Será que eles vão passar o ano novo aqui? Ai, que saudade!” a visão familiar da sua casa fez com que algumas lágrimas surgissem em seus olhos. Nunca seus pais fizeram tanta falta quanto naquele momento em que ela estava desamparada, coagida, sozinha e precisava do apoio deles.

No início, ela sentia falta da boa vida que levava. Embora isso ainda lhe fizesse falta, a saudade dos seus pais era maior. Será que tudo aquilo teria sido evitado se ela fosse boa filha? Talvez, se tivesse feito algumas coisas diferentes, ainda estaria com sua família. Como será que eles estavam agora? Como era a vida deles sem ela como filha? Estava melhor ou pior? Não havia como saber.

Carmem olhava a frente da mansão na esperança de que eles chegassem ou saíssem de carro. Assim ela poderia vê-los ao menos um pouco. Ao pensar que ela nunca mais ia ter sua família de volta, o choro se tornou incontrolável. Como ela queria poder voltar para casa!

A saudade era tanta que ela se sentiu capaz de renunciar a carreira de modelo para trabalhar naquela casa com empregada e assim poder ficar perto deles. Claro que nesse caso, ela não seria tratada como filha, mas isso nem importava mais. Ela apenas queria ter seus pais de volta nem que fosse só a presença física deles.

- Por que essa estrela não aparece, por quê? Eu quero voltar pra casa! Tô morrendo de saudade! – ela falou alto tentando enxugar as lágrimas que teimavam em banhar seu rosto. Uma mão pousou em seu ombro. Era Cascuda.
- Eu imaginei que você estivesse aqui. Ah, fica assim não, amiga!

Sem falar mais nada, Carmem abraçou Cascuda e desatou a chorar mais ainda. A jovem apenas tentava consolar a amiga enquanto evitava chorar também. Ela nunca tinha visto Carmem daquele jeito. A patricinha às vezes chorava porque quebrava uma unha ou quando alguma bolsa de grife se estragava. Era a primeira vez que ela a via chorar porque lamentava a falta de alguém. Era uma situação muito triste, e ao mesmo tempo uma surpresa saber que aquela garota mimada tinha um coração afinal de contas.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Cinderela as avessas - capítulo 24: Mas esse baile cobra um preço alto

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Mas esse baile cobra um preço alto


- E agora, o que eu faço gente?
(Rafael) - Isso é nojento!
(Cassandra) - Asqueroso!
(Marlene) – Vindo desses dois, não deveria ser surpresa. O que você pretende fazer?
- Eu não quero aceitar essa proposta, mas se me mandarem embora, não terei pra onde ir!

Os três ficaram em silêncio. Era uma questão bem delicada. Marlene respondeu.

- Não gosto disso nem um pouco, acho horrível eles te forçarem a mentir. Por outro lado, sei como a vida é difícil lá fora. Não posso te pedir para recusar a proposta e ser mandada embora porque será você quem viverá nas ruas e eu não poderei te ajudar.

Cassandra e Rafael continuaram em silêncio, pois entendia muito bem o que Marlene tinha falado.

- Eu não posso arrumar emprego em outro lugar? Agora tenho mais experiência!
- Jovem desse jeito e sem carta de recomendação? Nem sei como você conseguiu esse emprego! Se eles te mandarem embora, você não terá nenhuma carta de recomendação e eles ainda poderão fazer sua caveira com outras famílias!
- Que horrível! Eles podem fazer isso mesmo?
- Conheço esses dois e sei que são vingativos. Se recusar, correrá o risco de não arrumar nenhum outro emprego nessa cidade.

Rafael respirou fundo e disse.

- Eles te colocaram entre a cruz e a espada, então o jeito é você aceitar a proposta.
- Mas... 
- Não é culpa sua eles estarem fazendo essas coisas, Carmem. – Cassandra falou. – Eles são desonestos e vigaristas. Você está sendo coagida, não te deram outra opção. Também acho isso errado, mas não posso te julgar se aceitar porque sei que você não tem escolha.
- Eles vão me usar para roubar dinheiro das pessoas...
(Marlene) – Que um dia respondam por isso, mas você não tem culpa. Aceite, pelo menos é uma forma de você sair dessa vida e ser coisa melhor.
(Cassandra) – Acho que no seu lugar, também aceitaria. É desonesto, eu sei, mas tenho família para ajudar! Meu pai é doente, não pode trabalhar e minha mãe sozinha não dá conta! Meus irmãos ainda são muito novos e quero que fiquem na escola. Então eu aceitaria sim!

Por fim, Carmem acabou decidindo aceitar a proposta. Eles estavam certos, não havia nada que ela pudesse fazer.

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- Que dilema! – Berenice falou vendo tudo pela bola de cristal.
- Sim, é um dilema! Como pensei, ela vai aceitar a proposta.
- É isso ou ir para a rua. Você disse a ela que não irá mais ajudá-la, então a moça pensa que está por conta própria.
- Isso está longe de acabar.

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No dia seguinte, Carmem ainda se sentia péssima com tudo aquilo. Se por um lado a proposta era muito tentadora, por outro alguma coisa lhe incomodava lá no fundo. Felizmente ela foi convidada a passar o ano novo na casa da Cascuda e assim as duas puderam conversar.

- E foi isso o que aconteceu.
- E você pretende aceitar? Que coisa horrível, Carmem! Vai se vender desse jeito? É desonesto!
- Sei disso, mas...
- Mas nada! Integridade e honestidade são tudo! Sei que são eles quem estão roubando, mas ao mentir você estará colaborando com eles! Tantas pessoas serão enganadas, não podemos deixar isso acontecer!
- Cascuda, pára um pouco! – ela pediu interrompendo o falatório da amiga. – Eu já sei que isso é errado, tá?
- Então por que vai fazer?

Ela suspirou de tristeza e respondeu.

- Se eu não fizer, vão me mandar pra rua.
- Talvez seja preferível do que se vender desse jeito!
- Pra você é fácil falar, né? Quem vai pra rua sou eu! E depois? O que faço? Como vou arrumar outro emprego? Onde vou ficar? Seus pais vão me deixar ficar aqui? Você pode me ajudar a arrumar outro trabalho pra me sustentar? Pode fazer alguma coisa?

Cascuda olhou para Carmem admirada, pois não tinha pensado naquelas coisas. Aquele problema não era tão simples quanto parecia. Não se tratava apenas de honestidade. Tratava também de sobrevivência.

- Juro que não quero fazer isso, é sério! Mas se eu não fazer, como vou ficar depois? Eles vão fazer minha caveira pra todo mundo e não vou poder nem arrumar outro trabalho!
- Carmem eu... eu... sinto muito, não tinha pensado nisso. Que droga, é tão complicado que nem sei o que te aconselhar! Será que não dá pra entregar esses dois a polícia?
- Com que provas? Vai ser minha palavra contra a deles e adivinha quem vai ganhar?

A outra ficou desanimada. Era obvio de que se tratava de um beco sem saída.

- O que eu escolher não importa. Eles vão fazer isso do mesmo jeito. Só que se eu recusar, serei despedida! Já dormi na rua uma vez e é horrível! Não me aconteceu nada porque a Creuzodete me protegeu, só que agora eu tô sozinha! – ela começou a chorar desolada e Cascuda passou um braço ao redor do ombro dela. Tal coisa seria impensável há umas semanas atrás.
- Ah, Carmem... nem sei o que dizer! Será que a gente não pode pedir ajuda pro pessoal?
- Não sei se eles vão poder fazer alguma coisa e eu tô muito confusa agora! Tô morrendo de medo!
- Tá, calma. Não vamos pensar nisso agora. Sei que isso não é culpa sua, aqueles dois é que não valem nada! A festa é no fim de janeiro, não é?
- É.
- Até lá a gente vê se dá pra fazer alguma coisa. Se não der, paciência. Agora tenta se animar que hoje tem a festinha da turma. Eles querem te conhecer, sabia?
- E se não gostarem de mim? Já não gostavam antes.
- Só que antes você tava chata de doer, né?
- Ei!
- Ih, relaxa! Vai ser divertido! Vamos dar uma voltinha no shopping depois do almoço porque preciso comprar uma coisa antes da festa e quero ver você babando na frente das vitrines sem poder comprar nada.
- Ah, você quer me ver sofrendo, né sua desalmada?

As duas deram uma risada e Carmem acabou se sentindo melhor. Já que não dava mais para ter sua antiga vida de volta, então o jeito era se adaptar a nova vida e dentro de algum tempo, as coisas iam melhorar. Ainda assim lhe incomodava saber qual preço teria de ser pago. Algo bem lá no fundo lhe incomodava, era uma coisa que ela nunca tinha sentido em sua vida.

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O casal tinha alugado uma casa de praia que tinha uma bela vista para a queima de fogos que seria feita na passagem de ano. Apesar de não ser do mesmo nível que a de Copacabana, era muito bonita também. E eles tinham muito a comemorar.

- Esse será o nosso ano, querida!
- Mal posso esperar para colocarmos as mãos naquele dinheiro!
- E esse golpe que vamos dar nesses ricaços vai nos render milhões!
- Eu adoro essa palavra: milhões! É tão linda! E as máquinas, já estão prontas?
- Sim, embaladas dentro da caixa. Vamos guardá-las muito bem quando chegarmos em casa. Eles nem vão saber o que lhes atingiu!

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Estava difícil mostrar alegria depois do que tinha lhe acontecido na noite do dia anterior. Marlene se esforçava, mas todos tinham visto seu aborrecimento. Ela ainda se lembrava de quando a Sra. Aguiar lhe procurou com uma lista na mão.

- Marlene, por acaso você sabe preparar esses pratos aqui?

Ela passou os olhos pela lista e respondeu achando se tratar de algum jantar que eles queriam dar aos amigos.

- Sim, eu sei.
- Que ótimo! Você irá preparar o jantar para a festa beneficente!
- Aquela do fim de janeiro? Mas a senhora não ia contratar um Buffet?
- Isso custa muito caro! Por que temos que desembolsar esse dinheiro todo se temos você que faz o mesmo trabalho?
- É que... a festa é para mais de cem pessoas!
- E daí? Se for o caso, peça as outras duas empregadas para que te ajudem. Agora, se você não dá conta, então terei que te dispensar porque é um absurdo uma cozinheira que se recusa a fazer seu trabalho!

Marlene sentiu uma vontade enorme de esbofetear aquela criatura arrogante. Preparar aquela refeição ia lhe dar um trabalho monumental a troco de nada porque aqueles dois não iam lhe pagar nem um centavo extra pelo serviço.

- E saiba que se isso acontecer, você nunca mais trabalhará para ninguém nessa cidade. Então? O que me diz?
- S-sim senhora, eu farei a comida para a festa.
- É assim que eu gosto!

Ali, sentada na sala da sua casa, ela oscilava entre o arrependimento de não ter dado um tapa naquela madame e o pensamento de que se tivesse feito isso, teria perdido o emprego. Pelo visto, Carmem não era a única a estar num beco sem saída.

sábado, 25 de janeiro de 2014

Cinderela às avessas - capítulo 23: Ela é convidada para outro baile

19:13 4 Comentários
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Ela é convidada para outro baile

O encontro foi um sucesso e o empresário da Super Zoom concordou em ceder a banda para um show beneficente.

- Vocês não vão se arrepender! – Afonso disse muito empolgado. – Haverá repórteres de várias emissoras, esse show será um sucesso e vai ajudar muito na publicidade da banda.
- Sem falar que é para a caridade! – Rebeca falou com um falso ar benevolente.
- Ah, sim! Caridade é tudo, não é? – o empresário falou também com fingimento. Era obvio que ele não se importava nem um pouco com isso. – A propósito, vocês vão mostrar fotos ou imagens da instituição?
- Claro que sim! Eu mesma providenciei lindas imagens das nossas crianças felizes, saudáveis e bem cuidadas! Todos verão como nosso trabalho é maravilhoso!
- Perfeito! É uma causa nobre que todos vão apoiar. E alguma dessas crianças vão aparecer no evento?

Por um instante, ambos sentiram um frio desagradável na espinha. Eles não tinham pensado nisso. Mas esperto como era, Afonso logo deu uma resposta.

- A festa será um pouco tarde, meio impróprio para crianças não acha?
- Pode ser, mas acho que vocês fariam mais sucesso se levassem alguém da instituição para dar o testemunho de como sua vida mudou.

Os dois entraram na mansão com esse problema martelando em suas cabeças. Onde eles iam arrumar alguém que concordasse em mentir para ajudá-los?

- Isso pode ser um problema!
- Você não conhece ninguém, querido?
- Pior que não! Quer dizer, até conheço, mas vão cobrar caro para nos ajudar!
- Eu também não sei de ninguém que possa servir!

Ela pensou um pouco.

- Precisa ser alguém jovem, talvez um adolescente?
- Onde vamos arranjar um adolescente para isso?

A mulher deu um sorrisinho perverso e respondeu.

- Sabe, eu até conheço alguém!

__________________________________________________________

Carmem estava no quarto lendo uma revista quando Cassandra entrou e a encarou com as mãos na cintura e fazendo cara de zangada.

- Er... que foi?

Sem responder nada, a outra logo abriu um grande sorriso e foi para cima dela lhe dando um grande abraço.

- Nem sei como te agradecer! O Rafa adorou minha voz e quer que a gente cante junto mais vezes! Até me convidou para sair nesse domingo! Nem acredito que você fez isso por mim!
- Bom que deu tudo certo. Daqui uns dias ele te pede em namoro, pode esperar!
- Tomara, ai que emoção!

O som de alguém abrindo a porta fez com que elas levassem um susto. E o susto foi maior ainda quando viram a Sra. Aguiar olhando-as com a cara fechada.

- Bonito, heim? Por acaso vocês são pagas para fofocar? E o serviço da casa? Como fica? Vão trabalhar agora mesmo!

As duas foram saindo quando ela segurou Carmem pelo braço.

- Você não, mocinha. Vamos trocar umas palavrinhas lá no escritório.

Carmem a seguiu tremendo de medo. Será que ela tinha feito algo de errado? Iam mandá-la embora? O que mais faltava acontecer?

- O que aconteceu? – Marlene perguntou a Cassandra em voz baixa.
- Eu não sei! Não me olha assim, juro que não fiz nada!
- Essa não... acho que de hoje ela não passa!

As duas entraram no escritório onde Afonso as esperava e a dona da casa começou.

- Mocinha, me responda uma coisa. Você tem família?

Ela hesitou um pouco por causa da pergunta inusitada e respondeu.

- Er... não. Eu não tenho ninguém.
- Onde você morava antes de vir para cá?
- Em lugar nenhum. Por favor, não me mandem embora! Eu não tenho pra onde ir!

Os dois se olharam dando um sorriso perverso e ela continuou.

- Então você é mesmo sozinha no mundo?

A jovem fez que sim com os olhos se enchendo de lágrimas.

- Então temos uma proposta irrecusável para você!
- P-proposta?
- Sim. – ele falou. – Você nos ajuda e nós te ajudamos. Todo mundo sai ganhando, não tem erro!
- Você já deve saber da nossa festa beneficente, não sabe? Pois bem. Depois do jantar, mostraremos um lindo vídeo contendo as fotos das nossas crianças. Mas fomos aconselhados a trazer alguém da nossa instituição.
- Acontece que crianças não devem ficar acordadas até tarde. – O sujeito falou com certo cinismo. – Então precisamos que você ocupe o lugar delas.

Vendo que Carmem não tinha entendido, Rebeca explicou.

- Você vai apresentar as fotos e falar sobre o trabalho da nossa instituição e dar o testemunho de como lhe ajudamos e mudamos sua vida.
- Quer que eu finja ser da instituição de vocês?
- A palavra “fingir” é tão forte! Eu particularmente prefiro “representar”, não é querida?
- Claro! Você irá representar as nossas crianças, só terá que falar algumas coisinhas. Não se preocupe, eu farei todo seu discurso.

Carmem tinha entendido muito bem o que eles pretendiam. Como aquela instituição era falsa, não havia nenhuma criança para aparecer na festa. Logo, cabia a ela fingir e dizer que tinha sido ajudada por eles.

- Em troca, nós lhe ajudaremos a ter uma vida melhor. Quando moça, eu fui modelo e participei de desfiles muito importantes! Então conheço pessoas que poderão lhe ajudar a fazer muito sucesso como modelo. Você gostaria de ser modelo, Carmem?

Aquela lhe atingiu em cheio. Ser modelo? Desfilar nas passarelas? Sair daquela vida horrível de escrava doméstica?

- A senhora tá falando sério? Pode me ajudar a ser modelo?
- Claro que sim, menina! Eu vou te apresentar ao dono da agencia mais badalada da cidade! Todas as moças que passam por ali ficam famosas em poucos meses!
- Ai meu santo!
- E você tem potencial, querida! É bonita, loirinha, olhos azuis! Se cuidar da aparência e vestir roupas decentes, vai fazer muito sucesso! Não jogue essa oportunidade fora!
- Eu... ai, não sei o que dizer! Foi muito de repente!

Ela pegou a jovem pelo braço e a levou para fora do escritório.

- Pense um pouco, meu bem. Essa proposta pode mudar sua vida para muito melhor.
- Sei disso, é que...
- Não responda agora. Reflita com muito carinho. Amanhã é trinta e um de dezembro, não é? Nós dois faremos uma pequena viagem, então você terá tempo para pensar. Quando chegarmos, você nos dá a resposta.  – Carmem foi colocada para fora do escritório e antes de fechar a porta, Rebeca falou num tom doce e ao mesmo tempo ameaçador. – Lembre-se, querida. De qualquer forma você sairá daqui. Resta decidir se será como modelou ou como mais uma desempregada. Pense bem, viu?

A porta foi fechada, deixando Carmem parada no meio do corredor com o corpo tremendo e suando frio.

A mensagem foi muito bem transmitida. Ou ela aceitava a proposta, ou ia para o olho da rua. Não tinha mais jeito.

CBM#05 - A primeira semana: críticas

17:48 9 Comentários
Finalmente o Chico vai pra facul! E a primeira semana já foi bem emocionante, não acham? Ele conheceu gente nova e até já conquistou seu inimigo.

Essa história me lembrou de quando eu entrei para a faculdade. Só que no meu caso, não houve nenhum trote. Naquele tempo, a gente era chamado só de calouro burro mesmo. Não tinha essa de “bicho”. Quando a gente saía da sala nos intervalos, tinha um monte de alunos gritando “Ô calouro burro!”. Mas foi só isso. Ninguém tentou raspar nossos cabelos, pintar nossos corpos ou nos obrigar a comer coisas nojentas.

Nos semestres seguintes, a coisa continuou mais ou menos assim. Teve uma vez em que aconteceu de um aluno veterano que entrou na sala de aula se passando por professor. Ele entrou todo cheio de pose levando uma pasta, se apresentou como professor de geometria analítica e álgebra linear (uma das matérias que eu fiz no primeiro semestre) e ficou falando sobre a matéria para os calouros. A gente olhava tudo da janela da sala e rachando de rir.

E os alunos nem desconfiaram. Ficaram prestando atenção e copiando tudo o que ele escrevia no quadro. O professor de verdade chegou e sentou-se numa das carteiras para ver a aula também. Só depois o cara falou que era só brincadeira. Foi bem engraçado.

No caso do Chico, o trote foi apenas usar um chapéu de palha com um apelido. Bem tranqüilo até. Ao longo da história ele foi conhecendo seus colegas. Tem até uma aluna da França e outro da Rússia. De vez em quando pode mesmo acontecer de aparecer algum aluno de outro país. No meu caso, tinha uma aluna na minha sala que era de Moçambique. A língua de lá é português, então não teve problema nenhum. Ela só falava com um pouquinho de sotaque.

Também tinha dois professores estrangeiros. Um era da Espanha e outro do Peru. Eles falavam com um sotaque bem forte. Era até legal.

Gostei de ler a história e lembrar do primeiro dia de aula, dos professores se apresentando, falando sobre o curso. Depois disso foi só estudar, estudar e estudar. O ritmo costuma ser bem puxado mesmo. É diferente da escola não só pelas matérias que são mais difíceis, mas também pelas regras da faculdade.

Não tem uniforme, os alunos entram e saem quando querem e não tem professor pegando no nosso pé para fazer a lição ou ter o caderno em ordem. Cada um tem que cuidar de si mesmo e arcar com as conseqüências. Tem um pouco mais de liberdade, mas tem responsabilidade também.

Diferente do que vi na história, são os professores que mudam de sala quando acabam as aulas, não os alunos. Agora, na faculdade os alunos montam a própria grade do semestre, escolhendo as matérias que vão estudar. Então pode acontecer de o aluno precisar sair da sala para ir até outra turma, mas isso não é regra geral.

A história foi mais uma apresentação da vida do Chico na faculdade, as novas amizades, professores e um pouco do seu curso. Tudo narrado através de cartas que ele foi mandando para a família, amigos e para a Rosinha. Rolou até um ciuminho por parte dela quando o Chico falou da Fran. Xi... isso pode dar pano para manga!

Agora, quem diria que um dia a gente veria o Chico dando aulas de português? Quem sempre viu aquele garoto falando com sotaque caipira nos gibis deve ter ficado surpreso.

Só achei o “inimigo” dele meio chato e Zé Mané. Sei lá, não vi muita graça no “Vespa”, mas achei legal ele quebrar a cara toda hora.

Também gostei da parte em que o Chico encontra com o fantasma e nem se assusta. Faz sentido já que ele via todo tipo de assombração quando criança. E parece que esse fantasma vai ser aproveitado em outras histórias também, o que seria legal. Pode ser tipo um amigo ou conselheiro que o Chico vai procurar nas horas de dificuldade.

E claro, todo mundo deve ter reparado na Francis ficando caidinha pelo Chico. É até coincidência ela se chamar Violette, que também é nome de flor. E pelo visto ela gostou dele, o que pode ser complicado já que ele tem namorada. Isso pode até acabar criando uma situação desagradável que nem aconteceu com a Rosinha e o Paulo.

Aposto que isso vai dar uma boa história no futuro. E vamos confiar no Chico, né? Espero que ele saiba resistir à tentação.

A história foi bonita, envolvente e mostrou várias possibilidades de boas histórias no futuro. Para falar a verdade, estou quase gostando de CBM do que de TMJ.

Na próxima história, o Chico vai enfrentar uma dificuldade comum de quem faz faculdade em outra cidade: lugar para morar. Quando eu fazia faculdade tinha muitos colegas de sala nessa situação. Uns moravam em república, outros alugavam apartamentos.

O Chico e seus amigos vão ter que dar um jeito de arrumar outro lugar para morar. Será que eles vão se separar? Seria uma pena, porque eles são bem engraçados e dão ótimos colegas de quarto. Seria meio chato mudarem tudo isso tão cedo. Espero que eles consigam ficar juntos.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Cinderela às avessas - capítulo 22: E lhe ajuda a conquistar seu príncipe

20:56 2 Comentários
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E lhe ajuda a conquistar seu príncipe

- Esse bufê é muito caro!
- Mas esse outro é simples demais. Não servem caviar!
- Talvez esse dê certo!

Ele examinou o folheto que sua esposa lhe deu e fez os cálculos. O custo era maior do que eles queriam pagar.

- Acho que não tem jeito, querido! Por mais que me doa dizer isso, teremos que gastar muito dinheiro para dar uma boa festa! Ai que dor!
- Nem me fale! Ter que pagar comida para um monte de gente, isso é uma tragédia! Quem eles pensam que somos? Filantropos?
- Na verdade, eles pensam sim. Mas isso não vem ao caso. Temos que pensar em algum lugar que não queira arrancar nosso couro!

Depois de muito discutir e pesquisar, finalmente Rebeca teve uma idéia.

- E se nossa cozinheira preparasse tudo?
- Seria possível?
- Claro! Ela cozinha maravilhosamente bem!
- Se ela cozinhar, o custo ficaria apenas na compra dos ingredientes! Genial, querida!
- Farei o cardápio e falarei com ela depois. Isso vai reduzir bastante nossos custos!

A próxima decisão era sobre o show que seria dado após o jantar. Precisava ser algo especial para encantar os convidados e assim garantir boas doações.

- Essa será a parte mais difícil! Um bom cantor vai cobrar os olhos da cara, mas não podemos contratar qualquer bandinha. Céus, quanta complicação! – ele falou enxugando o suor da testa.
- E se conseguíssemos uma celebridade que aceite cantar sem cobrar nada?
- Isso cairia do céu! Quem a gente convidaria?

Ela deu um sorriso vitorioso e respondeu.

- Conhece a banda Super Zoom? É o mais recente sucesso! São jovens, bonitos, cantam bem e vão animar bastante a festa!
- Sei quem são. Eles não moram no Rio?
- Mandamos trazê-los e o show fica pelo custo das passagens. Uma pechincha!
- Meu docinho, você é um gênio! Vou ligar para eles sem demora!

Ele correu para o telefone a fim de agendar uma entrevista com empresário da banda. Era uma boa troca. Eles fariam um show beneficente e ganhariam ótima publicidade ajudando uma boa causa. Todos sairiam ganhando.

__________________________________________________________

Carmem saiu de perto do escritório pensando no que tinha ouvido. Era irônico aqueles dois se mostrarem tão comprometidos com obras de caridade e serem tão perversos com os empregados. Se bem que uma parte da conversa lhe intrigou.

“- Quem eles pensam que somos? Filantropos?
- Na verdade, eles pensam sim.”

Estranho, então eles não eram filantropos? Por que então se preocupavam em fazer aquela festa beneficente? E que instituição era aquela que eles pretendiam ajudar?

- Você terminou rápido o serviço. – Marlene falou quando elas se encontraram na área de serviço.
- Estou pegando o jeito. A Cassandra tá me ensinando umas coisas.
- Vocês duas estão se dando melhor, ainda bem.

Antes de voltar aos seus afazeres, Carmem perguntou.

- Aqui, você conhece aquela instituição chamada Criança Feliz?
- Sim. É a instituição falsa que os patrões usam para arrancar dinheiro das pessoas.
- Quêeeee?  - ela falou um pouco alto e logo abaixou o tom de voz. – Quer dizer que é tudo mentira? Como você sabe?
- Do mesmo jeito que você. Ouvindo.
- Ai meu santo! Eles falam essas coisas assim sem preocupar?
- Para eles, somos invisíveis, não valemos nada e nem temos importância.
- Sabia que era assim não!
- Se você soubesse as coisas que a gente escuta! Conheço outras empregadas e elas contam histórias de arrepiar!

Aquilo sim foi uma surpresa e Carmem ficou pensando nas conversas que as empregadas da sua antiga casa teriam escutado. E ela nunca percebeu nada! Claro, na época ela também achava que aquelas pessoas eram invisíveis e não tinham importância. Quanto engano!

- Mentir pra pegar o dinheiro dos outros não deveria ser crime? Por que vocês nunca denunciaram?
- Porque não temos provas e mesmo que tivéssemos, ainda seria arriscado. Não queremos perder nossos empregos. É uma situação bem complicada.
- É mesmo... – disso ela sabia muito bem porque só tinha aquele trabalho.

Depois do almoço, lá pelas duas da tarde, Carmem ouviu o casal falando alto na sala, muito alegres com o compromisso que tinham para aquela tarde.

- Hahaha, foi um sucesso total! - Sr. Aguiar falava muito satisfeito. – Vamos, querida! Não queremos nos atrasar para esse encontro! É muito importante!
- Não acredito que o empresário deles está em São Paulo! Muito conveniente para nós!
- Dá para acreditar que ele até mandou um carro para vir nos buscar? Ah, se fosse sempre assim poderíamos dispensar o chofer!

Os dois entraram no carro enviado pelo empresário da banda Super Zoom e saíram felizes por ver seu plano dar certo.

Carmem viu o carro se afastando pela janela. Foi muita sorte aqueles dois saírem sem precisar de Rafael. Assim ela poderia colocar seu plano em ação rapidamente. Como não precisava sair, Rafael resolveu ir até seu quarto pegar algumas partituras para treinar no piano da casa que na maior parte do tempo servia apenas como enfeite. Cassandra estava na lavanderia passando roupa e Carmem resolveu colocar o plano em ação.

Como quem não queria nada, ela voltou ao trabalho cantando o mais desafinadamente possível ignorando os protestos de Marlene.

“Midnight, not a sound from the pavement
Has the moon lost her memory, she is smiling alone.
In the lamplight the withered leaves collect at my feet
And the wind begins to moan.”

- Cruz credo, mulher! Que é isso? – Cassandra perguntou estranhando aquela cantoria.
- Ai, é que eu adoro essa música! Não é linda?
- Ouvindo da sua boca, não!

Ela fez um bico e desafiou.

- Nhé, duvido que você faça melhor! Nunca te vi cantar em inglês.

A outra não deixou por menos.

- Ah, é? Então deixa eu te mostrar como é que se faz!

A música cantada pela voz de Cassandra ficou em outro nível, muito acima da barulheira desafinada que Carmem tinha feito pouco antes. Ela cantava com a voz segura, melodiosa e pronunciando bem as palavras. Até Marlene tinha parado o que estava fazendo para ouvir.

-Que lindo! Continua, vai! – Carmem incentivou esperando que Rafael ouvisse.

Dentro do seu quarto, ele ouviu alguém cantando e apurou os ouvidos.

- Nossa! Quem está cantando? – ele saiu correndo e foi até a cozinha, ouvindo tudo sem ser visto. Que voz linda! E como cantava bem!

Quando terminou, foi aplaudida pelas duas e por mais uma pessoa que a fez pular de susto.

- Rafa? Há quanto tempo você estava escutando!
- Há um tempo. Minha nossa, eu não sabia que você cantava tão bem!

Ela ficou com o rosto vermelho e olhou para Carmem que fazia sua melhor cara de inocente. Aquela loirinha tinha armado tudo aquilo?

- Por que eu nunca te ouvi cantar? Você tem uma voz linda!
- Er... eu... quer dizer... – seu rosto ficou mais vermelho ainda.
- Eu adoro essa música, até sei tocar no piano. Por que a gente não tenta? Eu toco e você canta!
- Ah... eu não sei, tenho tanta roupa para lavar e...
- É claro que ela vai!
- Mas... mas...
- Vaaaiiiii! – ela falou empurrando a colega para fora da cozinha. O primeiro passo foi dado. Se Cassandra fizesse tudo direito, ia ganhar o rapaz com certeza.

“Nossa, parece que eu levo jeito pra aproximar casais, viu? Será que eu conseguiria juntar a Mônica com o Cebola? Hahaha!”



Cinderela às avessas - capítulo 21: Faz as pazes com a irmã perversa

20:44 0 Comentários
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Depois faz as pazes com a irmã perversa


Ela acordou bem cedo e se espreguiçou gostosamente. Como era bom dormir em uma cama! Após arrumar tudo com cuidado para que Cassandra não percebesse, ela decidiu tomar um banho. Mas tinha que ser um banho decente, o que não era possível naquele banheiro minúsculo onde o chuveiro ficava quase em cima do vaso.

Uma idéia totalmente maluca surgiu. Havia quartos de hospedes na casa e ela sabia que eles tinham banheiro com chuveiro. Problema resolvido! Depois bastava limpar tudo muito bem para ninguém perceber.

- Ah... que coisa boa! – ela exclamou sentindo a água correndo pelo corpo no primeiro banho decente em quase um mês. Como não tinha limite de tempo, ela até lavou os cabelos. Depois vestiu uma roupa confortável e depois de limpar tudo, voltou ao quarto de empregada para planejar sua vida dali por diante.

Cascuda estava certa. Era preciso fazer as pazes com Cassandra e descobrir qual era o problema dela. Desde o primeiro dia, a outra se mostrou ríspida e hostil sem que Carmem soubesse a razão de toda aquela raiva.

- Hum... peraí... deixa eu pensar! Vamos, força! Eu consegui bolar um plano pra ajudar a Cascuda em trinta segundos, então consigo pensar em alguma coisa também! Por que a Cassandra me odeia?

Ela repassou todos os episódios entre as duas desde sua chegada e não conseguiu encontrar a raiz do problema. Havia ali algo que ela não conseguia enxergar, o elo perdido. Bem... talvez a única solução fosse encostar Cassandra na parede e colocar tudo em pratos limpos. Do jeito que estava, não dava para continuar.

__________________________________________________________

- Tchau, meus amores! Prometo que domingo estou de volta! – Marlene prometeu se despedindo das filhas e dos pais. Como era triste deixar sua casa para voltar aquela mansão!

Pelo menos o natal tinha sido muito bom e ela até levava alguns restos da ceia para ter algo decente para comer por um dia ou dois. O caminho de volta foi longo e ela sentiu falta do Rafael. Ele não podia mais usar o carro para buscá-las. Que avareza!

Sentada no banco do ônibus, ela ia pensando numa forma de sair daquele lugar horrível e começar seu próprio negócio. Ela podia usar seu fundo de garantia para ter capital e começar aos poucos, talvez fazendo marmitex para vender. Era seu sonho. Porém tinha o medo de não dar certo. Ela tinha duas filhas para criar e seus pais não iam dar conta sozinhos. Tudo teria que ser muito bem planejado.

__________________________________________________________

Cassandra desceu do ônibus triste por ter deixado sua família e ao mesmo tempo feliz em saber que ia rever Rafael. Será que ele tinha sentido sua falta? Era provável que não, já que ele demonstrou gostar da Carmem. Sem falar que ele tinha ficado muito desapontado por conta do episódio da saia. Se ao menos desse para voltar atrás!

Ela sentiu um aperto no coração ao imaginar que ele deve ter dado um lindo presente para aquela garotinha mimada. Aliás, não seria nenhuma surpresa se ele a tivesse levado para sua cidade. Pensar nessa possibilidade fez seus olhos se encherem de lágrimas. Por fim, ela desceu do ônibus.

Lá estava a mansão dos Aguiar. Fria como sempre. O luxo e a beleza eram apenas para os patrões, não para os empregados. Ao entrar, ela levou um susto ao escutar o som do aspirador de pó vindo da sala.

- Heim? Já chegou? – ela perguntou surpresa.
- Cheguei ontem à tarde.
- E dormiu aqui sozinha?
- Se tivesse dormido na casa da minha amiga, ia chegar tarde aqui pra fazer o serviço. Ai, qual é o problema desse treco? Por que não funciona direito? – ela olhou a mangueira do aspirador sob vários ângulos e Cassandra falou.
- A sucção está fraca. Vê essa tampinha aí? Tem que fechar para ficar mais forte.
- Ah, é? Valeu, eu nem sabia!

Ela foi guardar suas coisas e trocar de roupa. Ao voltar, viu que Carmem estava trabalhando melhor. Outra coisa a intrigou. Ela estava sozinha, sem Rafael. Então havia chances de eles terem passado o natal separados e não juntos como ela temia. Seu humor até melhorou um pouco.

- Você não leva jeito pra essas coisas não, né?
- De jeito nenhum! É tão difícil!
- Sua mãe não te ensinou?
- Er... eu não tenho mãe... agora... – Carmem falou sem jeito deixando a outra também um tanto sem graça.
- Você vivia mesmo na rua? Não tem família?
- Não. Eu tô sozinha mesmo.

Ela esfregou a nuca sentindo a consciência pesar um pouco. Para disfarçar o embaraço, ela apenas falou.

- Espera, abaixa um pouco mais o cano do aspirador. Assim você pega a sujeira debaixo do sofá.
- Ah, tá.

Em poucos minutos, Carmem terminou aquele tapete e ia passar para o outro quando Cassandra resolveu arriscar uma pergunta.

- Você passou o natal com sua amiga mesmo?
- Foi. As famílias deram uma grande festa e eu participei. – Ela mentiu porque não queria entrar em detalhes desagradáveis. - Dormi lá e cheguei ontem a tarde. Foi muito bom e até trouxe umas coisinhas que eles me deram.
- E o Rafa, esteve lá?
- Não, ele foi passar o natal com a família dele. Acho que moram em outra cidade.
- Então ele não passou o natal com vocês?
- Não.
- E você não viu ele?
- Hora nenhuma.

Ela coçou o queixo, olhou para baixo, mordeu os lábios e Carmem ficou desconfiada com uma coisa.

- Por que perguntou pelo Rafa? Ah, peraí! Você gosta dele, não gosta? – ela perguntou deixando a outra morrendo de vergonha.
- Não é da sua conta!
- Hahaha, você ficou toda vermelha, é caidinha por ele!
- É, mas ele gosta de outra. – ela falou em voz baixa sentando-se no sofá.
- Que outra? Alguma piriguete que conheceu por aí?
- Estou olhando pra ela agora mesmo!

Carmem olhou para os lados e só então se deu conta de quem Cassandra estava falando.

- Quê? De mim? Cruzes, ele é muito velho!
- Só tem vinte e cinco anos!
- E eu nem tenho dezesseis! Seria esquisito demais!
- E-então você não gosta dele?
- Claro que não!
- E nem ele de você?
- Que eu saiba, também não!
- Mas aquelas coisas que ele te deu...
- Ele nunca me deu nada! Foi a prima dele quem me deu aquelas roupas. Usadas ainda por cima.

O queixo da mais velha caiu.

- Eu não quis falar porque fiquei com vergonha, tá?
- Sério mesmo? Pensei que tivesse comprado aquelas roupas cafonas de propósito!
- Hahaha! Você também acha isso?
- Credo, quanta falta de estilo!
- Também acho, mas a moça que me deu tem um grande coração e não são tão ruins quando a gente se acostuma. Pelo menos tenho algo pra vestir.

Cassandra ficou bem mais aliviada ao saber que no fim, não havia nada entre Carmem e Rafael.

- Você implicava comigo esse tempo todo por causa dele?
- É... quando você chegou, vi os dois conversando...
- Porque ele é primo da minha amiga, ué!
- Ah, claro... e vocês já se conheciam. Ufa...
- Então? Tratado de paz? Eu não quero nada com ele, sério!
- Você não é tão ruim assim, então acho que dá pra gente conviver em paz.

O som de alguém chegando chamou a atenção delas. Era Marlene e minutos depois, Rafael.

Eles conversaram, comeram alguns doces e salgados que Carmem tinha trazido e Rafael teve que ir buscar os patrões. Com aqueles dois por perto, tudo ia ficar ruim novamente.

- O que deu em vocês duas que estão se entendendo agora?
- A gente conversou um pouco e ficou tudo bem. – Cassandra respondeu já mais a vontade.
- Então as brigas acabaram? Ainda bem! Agora vamos trabalhar que daqui a pouco aqueles dois voltam.

Cada um foi cuidar dos seus afazeres e de Cassandra até cantava, coisa que só fazia quando os patrões estavam fora porque tinha medo da reação deles. Ela tinha mesmo uma voz muito bonita, melhor até que a da Magali!

“Hum... e se... é! Isso pode funcionar!” Carmem foi arquitetando um plano em sua cabeça que se funcionasse, poderia lhe ajudar bastante no futuro.